quinta-feira, 19 de março de 2009

A ética republicana e o Partido Socialista - XIV

Mandato já terminou há oito meses mas ainda não há consenso quanto ao seu sucessor
Nascimento Rodrigues acusa PS de “apetite” pelo cargo de Provedor de Justiça
19.03.2009 - 10h13 PÚBLICO


O Provedor de Justiça denunciou hoje aquilo que diz ser o “apetite” do PS pelo cargo, na revista “Visão”. O mandato de Nascimento Rodrigues terminou há oito meses mas entre o PS e o PSD ainda não há consenso quanto ao seu sucessor.

Nascimento Rodrigues, no cargo desde Junho de 2000, invocou Os Vampiros, de Zeca Afonso: “O PS já ocupa todos os altos cargos públicos, faz lembrar o Zeca Afonso: ‘eles comem tudo’”. Segundo o responsável, “deveria caber ao segundo partido [o PSD] a escolha” para se conseguir um “quadro mais vasto de equilíbrio democrático de poderes”.

A “Visão” lembra que nos últimos meses têm sido propostos pelo PS nomes como Freitas do Amaral, António Arnault e Rui Alarcão. Mas estes foram rejeitados pelo PSD, que apresentou Laborinho Lúcio. Por sua vez, este nome foi descartado pelos socialistas.

Este “braço de ferro” assemelha-se, segundo Nascimento Rodrigues, a uma “comédia à portuguesa” e “desprestigia os decisores políticos, intranquiliza o funcionamento normal da Provedoria e deixa os cidadãos cada vez mais descrentes da qualidade da nossa democracia”.

Mas apesar de comédia, é pouca a vontade para rir. “O país acha admissível que o provedor continue refém destas circunstâncias até ao fim do ano ou, quem sabe, até depois?”, questiona.

O ainda Provedor de Justiça sente “desencanto com a visível degradação da qualidade da vida política” em Portugal e acomoda-se mal por se “ver obrigado a permanecer no exercício de um mandato cujo prazo legal está longamente excedido (...). Sou uma espécie de ‘Provedor Matusalém’”.

Nascimento Rodrigues lembrou ainda que, em breve, o país vai entrar em “longos períodos de pré-campanhas eleitorais, o que objectivamente torna mais difícil uma solução de consenso”.

O descontentamento do provedor já havia sido tornado público. No início de Março, o provedor escreveu à Assembleia da República considerando o atraso na eleição do seu sucessor uma situação "demasiado prolongada, insustentável e desprestigiante". "Não há condições institucionais para prolongar [esta situação]", acrescentou Nascimento Rodrigues.


ADENDA: Caro Senhor Provedor, não vá ainda embora. Há imensas reclamações dos professores para responder e há que mostrar ao Partido tomado por José Sócrates que ainda há dignidade e decência no nosso país...

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