sábado, 7 de fevereiro de 2009

A ética republicana e o Partido Socialista - III

Henrique Neto diz que há medo no PS e critica "ministro da propaganda" Santos Silva


O socialista Henrique Neto considerou esta sexta-feira existir "de facto medo" no PS, fazendo duras críticas "à obsessão da fidelidade ao líder" de Augusto Santos Silva, a quem chama "ministro da propaganda".

"Há de facto medo no PS e na sociedade portuguesa, pelos mais variados motivos", diz o empresário Henrique Neto, numa carta aberta ao ministro dos Assuntos Parlamentares, Augusto Santos Silva, e ao deputado socialista Manuel Alegre, enviada à Lusa.

"Têm medo os empresários de que não sejam permitidos os apoios, os funcionários públicos relativamente aos chefes de nomeação política ou os professores da avaliação", concretiza Henrique Neto.

A carta aberta de Henrique Neto surge na sequência da intervenção do dirigente do PS e ministro dos Assuntos Parlamentares quarta-feira à noite, numa sessão de apresentação da moção de José Sócrates ao Congresso do partido onde disse gostar de "malhar na direita", deixando também críticas aos partidos à esquerda do PS.

"Eu cá gosto é de malhar na direita, e gosto de malhar com especial prazer nesses sujeitos e sujeitas que se situam, de facto, à direita do PS. São das forças mais conservadoras e reaccionárias que eu conheci na minha vida, e que gostam de se dizer de esquerda plebeia ou chique. Refiro-me, obviamente, ao PCP e ao Bloco de Esquerda", afirmou Santos Silva, que se referiu às questões internas do partido como "minudências".

Na mesma sessão, o histórico militante socialista Edmundo Pedro disse haver no PS quem não se pronuncie por medo, palavras que mereceram o elogio de Manuel Alegre, ao mesmo tempo que criticou o tom utilizado por Augusto Santos Silva.

Hoje, na carta aberta, Henrique Neto declara o seu "apoio e concordância" a Manuel Alegre, considerando que "as sucessivas intervenções do ministro da propaganda do PS, caracterizam-se pelo dogmatismo, pela política da verdade única e pela incapacidade de compreender que um partido politico moderno é mais de que a arregimentação de militantes passivos, que por seguidismo, necessidade, ou medo, deixaram de ter ideias e vontade próprias".

"No momento em que se prepara mais um congresso do Partido Socialista, a missão de Augusto Santos Silva é matar à nascença qualquer veleidade de debate livre e de novas ideias para o PS e para Portugal", critica, considerando que o ministro dos Assuntos Parlamentares se distingue "na obsessão da fidelidade ao líder".

"Augusto Santos Silva está apenas interessado em" malhar neles", começando logo por malhar nos militantes do PS", acrescenta ainda Henrique Neto, lamentando que o PS da liberdade e do debate político já não exista.

Menos duro que Henrique Neto, o deputado socialista Paulo Pedroso rejeitou a existência de medo no PS, apesar de reconhecer que "existe menos debate do que devia".

"Medo não há, há menos debate do que devia. Seria bom mais debate sempre", disse, em declarações à Lusa.

Contudo, acrescentou, num ano de eleições como é 2009, "o PS deve concentrar-se em debater as propostas para o país e não em disputas internas".

Questionado sobre as declarações do ministro dos Assuntos Parlamentares, Paulo Pedroso disse que o próprio Augusto Santos Silva "reconhecerá que 'malhar' não é o verbo mais elegante", apesar de ter sido utilizado em "sentido figurado".

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1 comentário:

Anónimo disse...

Curiosamente Neto é militante do PS, tem liberdade para dizer o que pensa, sem que daí surjam penalizações partidárias. Então há medo ou possibilidade de se dizer tudo, inclusivamente algumas asneiras como as de Santos Silva ou as de Henrique Neto?