quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Ainda bem que Sócrates prometeu baixar os impostos

Dados do INE
Carga fiscal aumentou no ano passado para o nível mais elevado em 13 anos
30.12.2008 - 17h28 - Lusa

O ano passado foi o terceiro ano consecutivo em que a carga fiscal aumentou em Portugal.

A carga fiscal dos portugueses aumentou em 2007 pelo terceiro ano consecutivo, encontrando-se em máximos de pelo menos 13 anos, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) hoje divulgados.

Os dados do Anuário Estatístico de 2007 mostram que no ano passado a carga fiscal (valor dos impostos e contribuições sociais sobre a riqueza produzida) estava nos 37,5 por cento, mais 0,7 pontos percentuais do que em 2006.

"Este aumento da carga fiscal insere-se numa tendência que se verifica desde 1996", refere o INE, acrescentando que esta tendência foi interrompida em 2001 e em 2004.

O valor de 2007 é o mais alto da série disponibilizada no Anuário entre 1995 e 2007, ou seja o máximo em pelo menos 13 anos. Nesse período, a carga fiscal portuguesa agravou-se em 5,6 pontos percentuais.

As contribuições sociais foram aquelas que viram o seu peso no Produto Interno Bruto (PIB) subir mais (2,2 pontos percentuais, para 12,7 por cento), entre 1995 e 2007, mas o peso dos impostos sobre a produção e importação e dos impostos sobre o rendimento e património também aumentaram a sua importância da riqueza produzida, para 15 e 9,8 por cento, respectivamente.

Os dados mostram ainda que a estrutura produtiva portuguesa em 2006 continuou dominada das pequenas e médias empresas, com as empresas com menos de 10 pessoas a representarem 95 por cento do total das empresas.

Cerca de 68 por cento do emprego assalariado gerado no período de 1996 a 2006, é atribuído às empresas com menos de 50 pessoas ao serviço, 60 por cento do qual em microempresas, segundo o INE.

in Público on-line - ler notícia

E Sócrates disse: haja dinheiro (as eleições estão a chegar)

Governo quer acelerar investimentos prioritários
CDS pede explicações sobre decreto que permite ajuste directo até 5,15 milhões de euros
31.12.2008 - 13h03 Lusa


O CDS-PP vai pedir explicações ao Governo no Parlamento sobre as medidas excepcionais para acelerar investimentos públicos prioritários, incluindo prazos de pagamento, garantias de transparência e igualdade para as empresas.

O Conselho de Ministros decidiu ontem que, nos próximos dois anos, as obras públicas cujo valor não exceda os 5,15 milhões de euros podem ser atribuídas a uma empresa ou consórcio de empresas por ajuste directo.

Em declarações à Agência Lusa, o deputado Pedro Mota Soares explicou que o CDS considera “necessários esclarecimentos e garantias” ao Parlamento sobre o decreto com medidas excepcionais, para 2009 e 2010, para acelerar investimentos prioritários no valor de 5,15 mil milhões de euros.

“Se é para injectar dinheiro na economia real e já, é preciso saber quais os prazos para o pagamento das obras e se o Estado está disposto a pagar juros de mora, em caso de atraso”, disse.

Sendo 2009 um ano eleitoral, os democratas-cristãos querem garantias de que este plano “não se transforme numa espécie de promissória eleitoral de obras”, de que há “transparência” nos processos e de que as verbas “chegam a muitas empresas e não apenas a algumas”.

Maior “flexibilidade”

Mota Soares pretende ainda que o executivo esclareça o âmbito das medidas excepcionais deste decreto, aprovado ontem em Conselho de Ministros, e se se aplica “a todo e qualquer contrato público”, ou apenas às áreas abrangidas pelo plano anticrise.

Segundo o Governo, trata-se de um conjunto de medidas adoptadas com carácter de urgência no âmbito da “Iniciativa para o Investimento e Emprego” adoptada pelo executivo no Conselho de Ministros do passado dia 13.

Com a aprovação do diploma, passará a haver maior “flexibilidade” na concretização de investimentos para a modernização de escolas, energia sustentável, modernização de infra-estruturas tecnológicas (redes de banda larga de nova geração), apoio especial à actividade económica, exportações e pequenas e médias empresas, assim como para apoio ao emprego.

No final do Conselho de Ministros, o secretário de Estado da Presidência referiu que o diploma “visa uma mais rápida execução dos investimentos públicos considerados prioritários”.

in Público - ler notícia

Opiniões - Ricardo Araújo Pereira

visao30dez08

(clicar para aumentar)

Visão, 30 de Dezembro de 2008 (via Blog A Educação do meu Umbigo)

O Encontro Nacional de PCEs é já no dia 10 de Janeiro, em Santarém

O Encontro Nacional de PCEs vai ser no Restaurante Varanda do Parque em Santarém, no CNEMA, no dia 10 de Janeiro, às 12 Horas. Neste restaurante será servido o almoço cujo custo é 10 Euros. Como devem imaginar, é preciso saber quantas pessoas vão estar presentes por isso a metodologia será a seguinte: Devem depositar no NIB do Restaurante os 10 Euros e aconselhamos a que os colegas ao depositarem os 10 euros, escrevam o nome no descritivo do depósito/transferência para que, na eventualidade de não se realizar nada podermos devolver o dinheiro aos inscritos. O dono do restaurante é pai de uma aluna da escola a que preside a colega Mª João, co-organizadora deste encontro e, pela informação da colega, podemos confiar na seriedade desta forma de organização.
Os dados para fazer o pagamento por transferência bancária são:

Miguel Ângelo Silva
Banco: Caixa Geral de Depósitos
Balcão de Santarém
NIB: 003507260005502620077
Contribuinte: 209537205

Cada colega, à medida que deposita os 10 Euros, deve avisar, por mail, o colega que o convidou. Assim, em última instância, eu receberei os mails de todos os que contam estar presentes.
É muito importante a presença do maior número possível de PCEs.
Um abraço,
Rosário Gama

Nota: esta 1ª série de "convites" estão a ser enviados a todos os colegas presentes na reunião de 15 de Dezembro, com o texto definitivo, a fim de que possa ser divulgado. Preciso mesmo do "feedback" no que respeita à presença de cada um.


Conheça as razões do Encontro:
Em reunião informal, realizada a 15 de Dezembro, os Presidentes dos Conselhos Executivos de duas dezenas de Escolas do Distrito de Coimbra e por cuja gestão estão responsabilizados, preocupados com o clima de intranquilidade vivido nos Estabelecimentos de ensino, resolveram promover um Encontro Nacional de PCEs. Os PCEs querem analisar e tomar medidas sobre as seguintes questões e preocupações:
  • Insistência do Ministério da Educação na implementação de um modelo de avaliação de desempenho, agora em nova versão simplificada, (reconhecendo a inconsistência do mesmo), centrado na componente organizacional da actividade docente em detrimento da verdadeira essência do que é ser professor, ou seja a sua actividade científico-pedagógica e da sua relação com os alunos, demonstrando assim que o principal objectivo é implementar a todo o custo um qualquer modelo de avaliação, mesmo que não promova a melhoria das práticas pedagógicas e consequente aumento de qualidade do serviço público de educação;
  • Pressão que tem vindo a ser exercida pela tutela sobre os PCEs, no sentido da assunção de responsabilidades de contradição “de eventuais informações que dêem o processo de avaliação como suspenso”, quando essa é a realidade, de facto, num grande número de Escolas;
  • Pressão exercida no sentido da aplicação de normativos cuja publicação ainda não ocorreu;
  • Pressão exercida sobre os professores em geral, através de contactos electrónicos personalizados e denunciados pelos mesmos junto dos órgãos de gestão;
  • Avaliação dos elementos dos Conselhos Executivos através do SIADAP;
  • Impacto que esse clima de intranquilidade possa ter junto dos alunos.

Post publicado pelo Ramiro Marques no Blog Profavaliação.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Texto interessante proveniente da PROmova

POLÍTICAS EM (DE)COMPOSIÇÃO

1. Boletim Necrológico do Ministério da Educação
Estocada após estocada a “coisa” foi entrando em estertor e, agora, morreu. Antes mesmo de entrar em cena, a “coisa” foi sendo espartilhada, esquartejada e desventrada sem critério. Nas escolas, foi-se tornando vector de inquinações para a motivação escolar, as relações interpessoais ou o sentido de justiça. A “coisa”, a quem insistem em chamar modelo, está, definitivamente, morta, apesar da prepotência, do aventureirismo irresponsável e da impreparação técnica e humana daqueles que no ME ensaiam, em desespero, um marketing divisionista para tentarem impingi-la à, cada vez mais rara, adesivagem.
Como alguém surripiou o portátil ao Sousa Tavares, este ainda não encontrou inspiração para acusar os professores de necrofagia. Logo, já ninguém defende que esta “coisa” seja digerível.
Pelos vistos, já nem o movimento dos 13 lhe pega, pois trata-se de avaliadores que, estranha e paradoxalmente, defendem o direito a serem avaliados. Mas, como o modelo de avaliação actual já não lhes garante a prerrogativa de serem avaliados, os tipos hão-de estar furiosos com o Ministério da Educação, pois perderam 2 minutos da sua vida a redigirem uma magnífica peça literária (para lhe conferir a relevância que não tem, houve quem lhe chamasse manifesto), assim esvaziada de sentido e actualidade.
Por razões sanitárias, era importante que alguém procedesse à remoção da "coisa", antes que feda insuportavelmente. Adiar as exéquias e o funeral deste malogro para o final do ano lectivo já não é apenas uma questão de teimosia, é bem capaz de configurar uma qualquer obsessão retencional. As escolas querem-na longe dos seus olfactos. A peça começa a ganhar o odor característico das lideranças políticas acanhadas, para quem o bom ambiente escolar, a motivação dos agentes educativos, a qualificação das aprendizagens e a valorização da escola pública não valem a audácia da assunção dos erros.
Ressuscitá-la, no próximo ano lectivo, só por devaneio mórbido.

2. Outra vez a neofábula da cigarra
Há quem afirme que esta equipa ministerial foi um erro de "casting" e que se vê agora constrangida, por inépcia própria, a meter “a viola deste modelo de avaliação no saco”. Ao fim de três anos de desrespeito sistemático pelos professores, com recurso a uma cantoria desafinada e ofensiva, os professores levantaram-se contra o playback das neocigarras, rejeitando-lhes o facilitismo, a falta de seriedade e a injustiça que as suas decisões e práticas representam.
Tudo indica que, mesmo alienada a viola e o saco, o ME não vai suspender este modelo de avaliação, pelo que apenas estará disponível para dispensar todos os professores de serem avaliados. Mas, suspender o modelo, nunca! Mera obstinação semântica.

3. Os pobres não vestem Armani!
Confrontado com os resultados falhados da sua governação, que a crise internacional já não permite maquilhar mais, temos observado um Primeiro-Ministro a refugiar-se em mera quinquilharia retórica e a reclamar méritos de que não é autor nem controla, como a descida das taxas da Euribor ou a baixa do preço dos combustíveis, ou ainda, a escorar-se no chavão que começa a concorrer com a “tranquilidade” de Paulo Bento, a saber, o inefável “absolutamente essencial” (que aplica, com igual medida e entoação, a tudo o que propõe ou promete).
Sócrates mostrou-se um político sem perfil para emprestar confiança e mobilizar todos os portugueses em tempo de crise profunda. É pretensioso, prestidigitador (começa a tornar-se ilusionismo de feira a forma descarada como esconde números, ilude previsões ou remete a dura realidade da maioria dos portugueses para o indizível e o demagógico) e insensível. Aliás, os últimos debates parlamentares têm mostrado um Primeiro-Ministro empedernido face às dificuldades dos portugueses mais pobres, não conseguindo disfarçar algum sarcasmo e semblante risível (mesmo que nervoso), sempre que é confrontado com os retratos mais negros da nossa realidade social e humana.
Trata-se de alguém que se dá ares de infalibilidade e que apenas se sente à-vontade quando se trata de acenar com ilusões de papas e bolos. Oxalá, desta vez, rareiem os tolos!... Pois, os pobres não vestem Armani, nem morrem de amores pelo BPP!

4. DGRHE associa-se ao negócio dos vírus e também aos jogos de sorte e de azar, viabilizando o “TOTOPROFESSORES”
Parece que os e-mails remetidos pela DGRHE aos professores, propagandeando os méritos desta avaliação do desempenho (embora, já ninguém saiba bem qual!), incorporam um vírus com capacidade para transpor a barreira do virtual e infiltrar-se e alojar-se nas mentes mais inseguras. O antídoto para o vírus resulta de uma combinação que reúne verticalidade, convicção racional e ética, pelo que a sua vulnerabilidade decorre do facto de o hospedeiro ser um professor determinado. É expectável que ninguém amoleça ou adoeça!

Depois da “LOTARIA DOS TITULARES”, O ME lança o “TOTOPROFESSORES”, procurando sortear contingentes de professores a serem dispensados da avaliação. Fala-se, por aí, que o próximo critério de selecção reportar-se-á a todos os professores que, na qualidade de avaliados, tenham idade superior a 50 anos e inferior a 52 e pertençam ao signo Sagitário.
Nunca lhes passou pela cabeça uma roleta, numa hora nobre de uma qualquer televisão?!...

5. Os professores chamam-lhe o “essencial”! A propósito, no ME, alguém já comeu fruta, hoje?
1. O modelo de avaliação é indissociável do ECD.
2. A divisão da carreira foi um acto inqualificável de leviandade e de desrespeito pelo currículo, experiência e empenho dos professores. Nenhuma pessoa ou instituição decente a pode defender.
3. O ME não está em condições de assegurar o mérito dos avaliadores (nem que sim, nem que não), uma vez que não aferiu as suas competências nem avaliou os seus desempenhos. Desta forma o ME retira seriedade e credibilidade ao processo de avaliação, fomentando a discórdia nas escolas. Os professores não estão disponíveis para "brincarem" às avaliações.
4. As quotas não se aplicam à docência, sendo susceptíveis de gerar injustiças e desmotivação entre os melhores. Substituam-nas, para os lugares de topo, por concursos públicos transparentes e credibilizados.
5. As escolas não visam a guarda e o entretenimento dos alunos. A componente fundamental da docência é a pedagógico-científica. Esta dimensão era marginal e, agora, é mesmo desavaliada por este modelo, pelo que esta encenação de avaliação apenas serve para incentivar o folclore e o pior do eduquês nas escolas.
6. Numa organização como a escola, estarem todos os professores, em simultâneo, a serem avaliados e a avaliarem é irracional, contraproducente e inexequível, pois esgota recursos e perturba o imprescindível investimento no processo de ensino-aprendizagem. O que faz sentido é a existência de uma equipa de avaliadores, proposta e reconhecida pelas escolas, que empreenda, nos anos em que não ocorra mudança de escalão, uma avaliação regular das componentes assiduidade, desempenho de cargos (se houver) e preparação pedagógico-científica, podendo, em casos sinalizados, ter uma actuação preventiva que assumiria, numa primeira instância, um acompanhamento formativo. No ano de progressão, o docente defende, publicamente, perante um júri (interno e externo), a sua prática docente, nas suas diversas componentes, investimentos e inovações.
Trata-se de um conjunto de princípios testados e que funcionam nos países europeus mais desenvolvidos, pelo que as obsessões controleiras injustificadas e os cabrestos economicistas, sem rigor e sem critério, apenas contribuirão para arruinar a escola pública.
Tudo o resto é tralha e banalidades. Aparência de fruta!...

Octávio V Gonçalves (PROmova)

domingo, 14 de dezembro de 2008

Canção natalícia - afinal o nosso Governo preocupa-se

O nosso governo, nesta altura de crise profunda, sempre se lembra dos mais atingidos pela mesma... Há para aí uns senhores que dizem que eles só querem proletarizar a classe média e alta mas, como se tem visto, tal não é verdade.

Os Contemporâneos, Salvem Os Ricos

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Notícia no Público

Porta-voz da Plataforma Sindical dos professores
Mário Nogueira: "O primeiro-ministro está sempre em desacordo"
10.12.2008 - 10h20 Lusa

O porta-voz da Plataforma dos Sindicatos da Educação, Mário Nogueira, disse hoje à Lusa que o primeiro-ministro, ao contrário do que afirma, está sempre em desacordo com as soluções apresentadas pelos sindicatos para a Educação.

"O primeiro-ministro diz que está disponível para tudo, mas está sempre em desacordo. Concordo com ele em que a Educação não é um exclusivo do Governo e dos sindicatos, é de toda a comunidade educativa. É um problema de toda a sociedade e do país", disse à Lusa o dirigente sindical.

Mário Nogueira comentava assim as declarações de José Sócrates, que quarta-feira, numa reunião com o Grupo Parlamentar do PS, disse que a Educação não é apenas um problema dos professores ou das escolas é uma matéria dos portugueses.

"Naturalmente, a política de educação tem de contar com os professores mas a educação é uma matéria de todos os portugueses", sublinhou o primeiro-ministro.

José Sócrates invocou neste contexto "o princípio democrático de que todos estão em condições para se pronunciar sobre política de educação" - e não apenas os sindicatos.

"Estou disponível para discutir tudo mas não podemos estar sempre de acordo. É a vida", declarou Sócrates, citado por um deputado socialista.

Em declarações hoje à Lusa, Mário Nogueira considerou que este Governo, assente na sua maioria absoluta, "começou a achar que a Educação era apenas um problema dele e passou a definir políticas e a tomar medidas que têm vindo a fazer com que a educação e o ensino tenham piorado".

"O primeiro-ministro ainda não compreendeu o que está em causa. O primeiro-ministro, como não ouve, como não aceita a opinião dos outros e acha que a maioria absoluta lhe dá o direito de arrogantemente continuar a dizer aquilo que acha sobre educação e até quais são as intenções dos outros nomeadamente dos sindicatos", frisou.

Mário Nogueira lembrou que os sindicatos pediram reuniões a todos os partidos políticos e que só o PS não respondeu ao pedido.

"São actos, práticas que no dia-a-dia contrariam todas as palavras de eventual abertura para resolver o problema. Nós achamos que o caminho do diálogo é a solução para os problemas", disse.

Sobre a antecipação para quinta-feira da reunião com o Ministério da Educação sobre o modelo de avaliação de desempenho, o sindicalista defendeu o caminho do diálogo como solução para os problemas.

"Esperamos que quando a reunião começar às 14h00 não esteja aprovado no Conselho de Ministros (que se reúne de manhã) aquilo que está previsto ser discutido, nomeadamente o regime de avaliação transitório para vigorar este ano", disse.

De acordo com Mário Nogueira, se isto acontecesse seria muito negativo e contrário aos interesses do país, de serenar os ânimos e o clima nas escolas.

Mário Nogueira referiu que em cima da mesa para a reunião de amanhã estão dois pontos essenciais: "A solução para este ano da avaliação em regime transitório, tendo em conta que a aplicação do modelo não é possível, e a abertura de um calendário de negociações que vise rever o estatuto da carreira docente".

O Ministério da Educação antecipou para amanhã a reunião com os sindicatos de professores sobre o modelo de avaliação de desempenho, que esteve agendada para o início da próxima semana.

De acordo com o ME, a decisão da plataforma sindical de suspender as greves regionais, que tinham sido convocadas até dia 12, permite antecipar o encontro, que vai realizar-se na sede do Conselho Nacional de Educação (CNE) e na presença da própria ministra Maria de Lurdes Rodrigues, que habitualmente se faz representar nas rondas negociais pelo secretário de Estado Adjunto.

Em comunicado, a tutela adianta que esta reunião "permitirá às associações sindicais apresentar as suas propostas sobre o processo de avaliação de desempenho em curso" e definir a agenda de futuros encontros.

Na sexta-feira passada, o Ministério da Educação e os 11 sindicatos do sector acordaram retomar as negociações sobre o processo de avaliação de desempenho, marcando para dia 15 uma reunião que o secretário de Estado Adjunto, Jorge Pedreira, aceitou realizar-se "com agenda aberta", na qual a tutela ouvirá "tudo o que os sindicatos têm a dizer", incluindo sobre a suspensão do actual modelo de avaliação.

in Público - ler notícia

Alterada grelha de avaliação dos docentes (NOS AÇORES)...

Afinal há um certo PS que até consegue mudar as coisas da Educação quando elas estão erradas...!


Lero os outros - Blog ProfAvaliação (Ramiro Marques)

O menino guerreiro (texto de Paulo Guinote)

Texto interessante, de Paulo Guinote, publicado no seu Blog A Educação do meu Umbigo:

Assim se descobre a fibra de um governante, a sua coragem, o seu poder de choque. Com uma maioria absoluta José Sócrates não precisa de comprar a paz com os professores.

Antes de mais, a sempre criteriosa escolha de palavras do senhor engenheiro que, tal como os seus satélites de ocasião, se expressa sempre nos termos que conhece mais de perto e que acredita serem os dos outros.

Os professores não precisam de ser comprados, precisam sim de ser respeitados. Não percebendo isso, José Sócrates não percebe nada, desde a base. Eu teria vergonha em ser comprado por alguém, mas muito em especial pelo Governo do senhor doutor engenheiro José Sócrates. Ou melhor, até talvez perceba, embora certamente o espante, que muito poucos professores aceitam ser avaliados, desde que não seja por grelha ou fax. E que compras de avaliações, as há e houve, de variados preços, mas não é isso que queremos.

Queremos sim uma avaliação justa em que todos possam ter a classificação que merecem e não o que uma curva de interesses orçamentais dita, para existir folga para cobrir a incompetências ou desonestidades do sistema bancário privado, do BCP ao BPP, passando pelo BPN, todos eles retiros maravilhosos para boa parte da nata (banha?) política que nos governou nestes últimos 20-25 anos. Já sei, o aval do Estado não sai directamente do Orçamento, só se for preciso, mas todos sabemos o que significa isto e não é o que o senhor primeiro afirmou - um tiro certeiro para debelar a crise

Para além disso José Sócrates equipara uma possível paz social com os professores à comprada pelo seu antigo líder António Guterres, com a eliminação dos exames do 8º ano de escolaridade (?!), assim demonstrando toda a sua incapacidade radical para compreender que o que está em jogo é muito diferente. Para além de demonstrar como terá exercido o seu cargo no período guterrista, cheio de reservas mentais quanto ao que se passava na governação de então, José Sócrates tenta fazer equivaler o que não tem equivalência, porque a situação vivida então com os exames não teve - nem de perto, nem de longe - a gravidade do conflito actual.

Por fim, e talvez um dos erros estratégicos mais graves e que tem nublado a sua já escassa capacidade de percepção destas matérias, José Sócrates parece achar que concentrando as críticas em Mário Nogueira, referindo-se-lhe de forma irónica e fazendo com que na comunicação social a imagem do dito sindicalista seja sistematicamente atacada, consegue alguns resultados na desmobilização dos professores.

O que José Sócrates não compreende é que os docentes estão insatisfeitos e irritados de uma forma profunda, sendo meramente instrumental quem está à frente das negociações ou da Plataforma,desde que faça o seu papel. É Mário Nogueira? Poderia ser a Madre Teresa de Calcutá que para 80% dos docentes tanto faria. A sério. E é isso que algum PS enredado em fantasmas não compreende, evocando traumas passados e acenando como o «poder na rua» e um «clima de PREC».

A raiva incontida na generalidade dos docentes torna irrelevante quem está a representá-los, desde que os represente bem. A raiva incontida dos docentes dirige-se contra políticas erradas e os pequenos protagonistas que as desenvolvem, a quem não reconhecemos o mérito ou a competência para nos darem lições de ética profissional ou moral política, muito menos em matérias de avaliação.

E talvez seja aí que esteja a razão da evidente animosidade que José Sócrates dirige aos professores. Ele sabe o que nós sabemos. Ele sabe o que nós pensamos. Ele sabe como o encaramos. E não nos perdoa isso. E este braço de ferro - tal como com Maria de Lurdes Rodrigues - já ultrapassou a dimensão política há muito.

Trata-se, neste momento, de um mero desforço pessoal, usando para isso o aparato do Estado. José Sócrates gosta de banqueiros, de empresários, do homo tecnologicus, mas arrepanha-se-lhe tudo se lhe falarem de um professor, daqueles normais, pessoa com qualificação superior que dedicou a sua vida profissional a transmitir conhecimentos aos mais jovens, de formas mais ou menos convencionais, que tem brio no seu trabalho, que quer que os seus alunos se esforcem, que gosta de ver esse trabalho retribuído com os resultados desses mesmos alunos, mas sem truques estatísticos, que não recebe trabalhos por fax tecnológico em papel timbrado. Um modelo de professor que parecerá anacrónico. Detestável mesmo. Que urge extinguir. Castigar. eliminar. Trocando-o por um mero generalista, com formação bolonhesa, proletarizado, sem autonomia crítica. Dependente dos mails da DGRHE para saber que fazer. Cordato. Manso. Temeroso. Orgulhoso do seu 6º Armani, para usar os termos de um comentador aqui do Umbigo. Incapaz de ver para além das aparências.

Esse é professor ideal para qualquer regime que queira impor-se sem resistências, usando para isso o sistema de ensino.

José Sócrates não precisa de comprar a paz social, escorado na sua maioria absoluta de deputados cordatos, não da Nação, mas do Partido, à boa e velha moda estalinista. José Sócrates apenas precisa de comprar a paz com os banqueiros. A bem do futuro profissional de alguns dos seus ministros e de uma campanha eleitoral desafogada.

E tenta que os outros confundam isso com coragem, quando apenas se limita a ser forte com os fracos e fraco com os fortes.

O resto é aquilo que tecnicamente se designa, em Sociologia Avançada, por treta.

Talvez mudar as pilhas - ou as orelhas...

A voz lá do alto

05128a

Cartoon de Antero - Blog anterozóide - Dezembro 10, 2008


PS - Estava a pensar num ditado popular novo para ilustrar esta imagem: Vozes do céu não chegam aos burros...

Calendário 2009 da NASA

Do Blog GeoLeiria publicamos o seguinte post, de Sofia Reboleira, com um calendário interessante - até porque o próximo ano é muito importante por causa do calendário...


O calendário 2009 da NASA, vem celebrar o 10º aniversário da Estação Espacial Internacional. Contém fotografias tiradas na EEI e ressalta os marcos históricos da NASA e factos divertidos da construção desta estação que começou em 1998.

O calendário pode ser descarregado e impresso pelo visitante, neste link:

http://www.nasa.gov/station

E não há substitutos???

03128a

Cartoon de Antero (Blog anterozóide) - Dezembro 8, 2008

VÍRUS PERIGOSO!

Se receber um email de noreply@dgrhe.min-edu.pt, não abra! É um vírus extremamente pernicioso. Se o abrir, o seu disco rígido fica mole, você fica impotente para a prática lectiva, a sua família terá de contar com mais dez anos em que você estará ausente. É certo que você corre o risco de ficar literalmente grelhado, o seu cão (ou cadela, nalguns casos...) deixará de ladrar, os peixes do seu aquário cometerão suicídio colectivo, o seu gato miará durante sete meses.

As empresas de anti-vírus vêm alertando para a perigosidade deste vírus, descoberto em Portugal por verdadeiros professores especialistas em anti-vírus. Sabe-se, por exemplo, que o vírus desencadeia um cheiro a grelhado, à primeira vista extraordinariamente apelativo, que tem conduzido os professores que o abriram à beira da grelha, para onde alguns já saltaram sem razão que o justifique.

Não abra mails daquele endereço, pode estar a grelhar o futuro do seu país.

Passe esta informação a pelo menos 140 000 professores. Se o não fizer, o país será coberto por uma cortina de fumo impedirá que os Portugueses vejam que os bancos estão a falir, o desemprego a aumentar, o descontentamento a engrossar e...
os professores a acabar!

As confusões do costume e o contributo de José Sócrates

Actualização - garantia dada aos deputados do PS
José Sócrates: avaliação de professores é para manter
09.12.2008 - 21h52 Isabel Leiria, com Leonete Botelho e Sofia Rodrigues

O primeiro-ministro, José Sócrates, garantiu esta tarde aos deputados do Partido Socialista (PS) que não vai haver qualquer alteração no modelo de avaliação dos professores.

Numa reunião na Assembleia da República com o grupo parlamentar socialista, José Sócrates ouviu protestos de alguns deputados que estão contra este modelo de avaliação, mas assegurou que a reforma na Educação é para continuar.

Uma garantia dada no dia em que o Ministério da Educação (ME) convocou as 11 organizações da plataforma sindical dos professores para uma reunião a realizar quinta-feira, antecipando assim o encontro agendado na passada semana para dia 15. Em comunicado, o ME explica que a desconvocação das greves regionais, previstas para esta semana, permite que a reunião se realize mais cedo e que os sindicatos apresentem desde já “as suas propostas sobre o processo de avaliação”.

Ao final da tarde, o ministério chegou a anunciar que tinha convocado o encontro para amanhã. Cerca de uma hora depois, emitiu nova nota, informando que a reunião iria afinal acontecer na quinta-feira, por “solicitação das associações sindicais”. O encontro será nas instalações do Conselho Nacional de Educação, em Lisboa. Foi também aí que, em Abril, e após de uma maratona negocial de dezenas de horas, a plataforma sindical e o ME chegaram a um entendimento sobre a simplificação da avaliação para o passado ano lectivo.

Depois de meses de conflito, ambas as partes acordaram na semana passada voltar a sentar-se à mesa das negociações para falar de “tudo”, incluindo do Estatuto da Carreira Docente. A equipa ministerial também já disse estar disposta a rever, ou até mesmo substituir, o modelo de avaliação por outro, mas apenas em 2009. Já os sindicatos deixaram cair a exigência da suspensão do processo para voltarem a negociar com a tutela. Mas querem que o actual modelo seja substituído.

Várias escolas estão já a pedir aos professores que digam se querem ou não ser avaliados na sua componente científico-pedagógica, através da observação de aulas. Esta é apenas uma das iniciativas do ME criticada pelos sindicatos e por professores, a par das informações que têm sido enviadas pela Direcção-Geral dos Recursos Humanos da Educação (DGRHE) e direcções regionais de Educação para os e-mails dos docentes, a propósito da avaliação. A mais recente é uma nota da DGRHE aos presidentes dos conselhos executivos lembrando que “aos órgãos de direcção cabe cumprir e fazer cumprir a legalidade nas escolas”, pelo que devem “adoptar todas as providências necessárias ao normal desenvolvimento do processo de avaliação de desempenho e desmentir informações que dêem como suspenso o processo na escola que dirigem”.

in Público - ler notícia

Um post politicamente incorrecto roubado ao Blog Educação S.A.

Bardamerda, sr. Lello

Sexta-feira, 5 de Dezembro, RTPN, debate sobre política geral com a presença num painel constituído pelos partidos com representação parlamentar do dirigente socialista José Lello.


O tema principal era a Avaliação de Desempenho dos Professores.


José Lello, às tantas, não se conteve e não conseguindo expurgar o fel que lhe roía os fígados, refere-se, por várias vezes, aos professores com expressões como “Esta gente…”, “É a esta gente que faz greves e sai para a rua a quem os portugueses confiam os seus filhos…”. O tom de voz, colérico, não escondia o desprezo, ao jeito do seu colega que quando em situação informal se refere aos professores como “professorzecos”, e lamentava que ainda haja “gente dessa” que não saiba apreciar as qualidades e virtudes do governo e ouse, e se atreva, a não seguir “carneiristicamente” os ditames e os preclaros esclarecimentos que vêm das cúpulas partidárias e governamentais.


Esteve bem Rui Sá quando lhe retorquiu ficar admirado perante alguém que tendo-se batido pela democracia pretendesse agora passar a mensagem de pôr em causa o direito de todo um grupo profissional em fazer greve, em se manifestar, em se bater através de formas legítimas por aquilo que acredita ser uma causa justa. Mais acrescentou que ele, Rui Sá, não se importa de confiar os seus filhos a estes mesmos professores que fazem greve porque aprenderão, certamente, a ser cidadãos activos e críticos de pleno direito.


Deu Rui Sá uma bofetada de luva branca em José Lello.


Eu, pela parte que me toca, senti-me insultado, aviltado, pela arrogância e pela malevolência do José Lello.


Quem julga José Lello que é?


Como não sou diplomata como Rui Sá, como não me sinto obrigado a ser educado para quem gratuita e altivamente me insulta, como não gosto de hipocrisias, digo o que me vai na alma:
Bardamerda, Sr. Lello.

Director-geral

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

As sugestões de Ramiro Marques - Blog ProfAvaliação

Uma resposta ao SPAM da DGRHE

Ex.mos Srs.

Sou professora há vinte e oito anos. Durante todos estes anos não tive o prazer de receber uma única carta (a Internet é uma invenção recente) nem um e-mail dos vossos serviços, excepto quando fui convidada pelo então ministro David Justino para participar nos Encontros de Caparide, sobre os novos programas de Português. Este convite deveu-se ao facto da minha escola ter estado durante cinco anos consecutivos nos cinco primeiros lugares dos Rankings dos Exames Nacionais do Ensino Secundário e de eu ser uma das professoras responsáveis pelos resultados. De repente, recebo duas comunicações endereçadas por noreply a convidar-me a colocar os meus objectivos on-line (provavelmente para me poupar trabalho e para evitar ter que os discutir com a minha avaliadora, conforme a lei obriga) e ainda três esclarecimentos enviados pelos vossos serviços. Assim gostaria de esclarecer que:

1º Não sou loura nem burra;

2º Sei ler e interpretar a legislação, que mal seria se o não fizesse sendo professora de Português, mas, admitindo que o não fosse, tenho amigos e familiares advogados e juízes sempre prontos a esclarecer-me;

3º Desde o concurso para professores titulares, considero que os vossos serviços não merecem a honra de me contactarem nem de receberem uma resposta minha;

4º Durante vinte e oito anos de serviço dediquei a minha vida à escola, e expensas da minha própria família (prescindi mesmo da licença de amamentação do meu filho para orientar estágio, a pedido do Conselho Directivo, por não haver ninguém disponível e para não perdermos o núcleo de estágio);

5º Na escola onde lecciono, a Secundária de Barcelos, dos professores no 9º escalão, só eu e uma colega do mesmo Departamento ocupámos um tão grande número de cargos. Estive durante três mandatos no Conselho Executivo, fui Directora de Turma, orientei o estágio da Universidade Católica de Braga, orientei estágio na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (Docente de Apoio Pedagógico), fui Coordenadora dos Directores de Turma, fui Coordenadora de Departamento e de Secção. Dos cargos existentes na escola só não fui Directora da Biblioteca nem doutras instalações, nem pertenci à Assembleia de Escola;

6º Quase todos estes cargos foram exercidos antes de 2000, ficando, por isso, fora dos sete anos escolhidos para a candidatura a Professor Titular - Portugal deve ser o único país em que Curriculum Vitae não significa toda a vida mas apenas sete anos. A propósito, fui confirmar e no meu processo há registo de todos os meus cargos, de todas as minhas faltas, horários de todos os meus anos lectivos ao contrário do que a Sra. Ministra afirmou quando justificou que o concurso só dizia respeito aos últimos sete anos por falta de registos anteriores;

7º Quase me esqueci de mencionar (pois para o Ministério parece ser o menos importante) que fui professora, tenho anos lectivos sem uma única falta, os meus alunos continuam a ser excelentes nos Exames Nacionais, fiz, para me actualizar todas as acções do Projecto Falar sendo, por isso, Professora Acompanhante dos novos programas de Português;

8º Consegui no concurso para Professora Titular 124 pontos mas não tive vaga, pelo que não passo duma mera professora, que nas palavras da Sra. Ministra não pertence ao leque dos professores excelentes que os pais devem ambicionar para os seus filhos. Na minha escola, num outro Departamento, uma colega é Titular com oitenta e poucos pontos, o mesmo acontecendo noutras escolas;

9º Como aparte devo referir que muitos dos meus antigos alunos desejam que eu seja a professora dos filhos, sabe-se lá porquê!

10º Neste momento, de acordo com a lista graduada da minha escola, descobri que estou no limbo (apesar do papa o ter extinguido) pois apenas tenho o meu índice remuneratório, não pertencendo a nenhum escalão;

Assim, e em jeito de conclusão, agradecia que parassem de me enviar e-mails. Para o caso de não lerem este, vou assinalar no meu o vosso endereço como spam evitando assim enervar-me sempre que vejo o vosso contacto.

Sem mais

Ana Maria Bonifácio

Editorial na revista on-line Ensino Magazine

Avaliar professores é fácil?

Não! A avaliação de professores não é uma tarefa simples. Que o digam os supervisores que, durante décadas, promoveram a formação inicial e permanente dos nossos docentes. Para avaliar professores requerem-se características pessoais e profissionais especiais, para além de uma formação especializada e de centenas de horas de treino, dedicadas à observação de classes e ao registo e interpretação dos incidentes críticos aí prognosticados.

Cuidado com as ratoeiras! Quem foi preparado para avaliar alunos não está, apenas pelo exercício dessa função, automaticamente preparado para avaliar os seus colegas…

A avaliação de professores é uma tarefa complexa. Desde logo, requer um perfil específico do avaliador. Ou seja, nem todos os professores reúnem as condições para avaliarem. O avaliador terá que ser uma pessoa com conhecimentos especializados, com enorme sensibilidade, com capacidade analítica e de comunicação empática, com experiência de ensino e elevada responsabilidade social. Terá que ser um profissional que sabe prestar atenção, sabe escutar, sabe clarificar, sabe encorajar e ajudar a encontrar soluções, sabe dar opiniões, e que sabe ainda negociar, orientar, estabelecer critérios e assumir todo o risco das consequências da sua acção.
É necessário que domine com rigor as técnicas de registo e de observação de aulas, conheça as metodologias de treino de competências, os procedimentos de planeamento curricular, e as estratégias de promoção da reflexão crítica sobre o trabalho efectuado.

Escolher um avaliador obriga a uma selecção aturada, fundamentada, baseada em critérios de indiscutível mérito e, depois, a uma demorada formação específica e especializada. Para que uma avaliação tenha consequências, o avaliado não pode ter quaisquer dúvidas sobre o mérito do avaliador.

Avaliar é uma tarefa periscópica. O avaliador é chamado a pronunciar-se sobre inúmeros domínios sobre os quais se reflecte o pluridimensional acto de ensinar. Quando avalia, olha o professor sobre variadíssimos ângulos e prismas: aprecia o professor enquanto pessoa, como membro de uma comunidade profissional, como técnico qualificado na arte de ensinar e como especialista das matérias que ensina.

Por outras palavras o avaliador avalia o professor em vertentes tão diferenciadas quanto o são o seu ser, o seu saber e o seu saber fazer. Logo, o avaliador tem que estar atento a um grande número de variáveis que intervêm na função docente: variáveis de produto, de processo, de presságio, de carácter pessoal e profissional…

O avaliador recolhe elementos que permitam avaliar, e depois classificar, o professor enquanto tenta responder às seguintes questões: Onde ensina? O que é que ele ensina? Como é que ensina? O que aprendem os seus alunos? Como se auto avalia? Que capacidade tem para reformular a sua actuação? Com que profundidade domina as matérias que pretende ensinar?

O avaliador não trabalha com o professor apenas na sala de aula. Ele tem que apreender o modo como o professor se envolve com os seus alunos numa situação de classe, mas também como este se implica junto da comunidade escolar e na sociedade que envolve a escola. Porque trabalha com ele como profissional, mas também enquanto pessoa.

Formar um avaliador leva tempo, elevadas doses de paciência, muito treino e conhecimento especializado. A escolha de um avaliador não pode ser casual e, sobretudo, não pode depender de critérios político administrativos.

Porquê? Porque o avaliador tem que saber verificar não só o que os professores fazem, mas também como o fazem e, simultaneamente, garantir a melhoria da qualidade da sua intervenção na sala de aula, bem como a qualidade do produto, isto é, da aprendizagem dos alunos.

Por isso mesmo a avaliação de um professor não pode ser uma actividade episódica, pontual e descontinuada. A avaliação de um professor requer uma actividade continuada, porque importam mais as actividades de reformulação que venham a ser consideradas do que o simples diagnóstico da sua actual situação. A avaliação de um professor é então uma actividade projectada no futuro.

Avaliar um professor é, pois, dizíamos, uma tarefa muito, mesmo muito complexa. Simples, muito simples mesmo, é avaliar um ministro que pensa ser possível reduzir a avaliação dum professor a uma mera empreitada administrativa, compilada em duas páginas de panegíricos ou de recriminações.

João Ruivo - Ensino Magazine, n.º 130, Dezembro 2008

Mais uma chantagem anónima sobre os Conselhos Executivos

Ex.mo(a) Senhor(a)

Presidente do Conselho Executivo/Directo:

O processo de avaliação de desempenho do pessoal docente deve prosseguir com normalidade em todas as escolas.

Os normativos legais que regem o processo, designadamente os Decretos Regulamentares nº 2/2008 e 11/2008, estão em vigor e neles se baseiam as alterações aos despachos recentemente enviados a todas as escolas.

A avaliação de desempenho constitui, nos termos da lei, um dever mas igualmente um direito dos docentes que tem que ser assegurado e não pode ser posto em causa nem por omissão nem por qualquer forma de coacção ou denegação. Aos órgãos de direcção cabe cumprir e fazer cumprir a legalidade nas escolas, não podendo permitir que sejam suscitadas quaisquer dúvidas sobre esta matéria.

Assim, devem os Directores ou Presidentes dos Conselhos Executivos adoptar todas as providências necessárias ao normal desenvolvimento do processo de avaliação de desempenho e desmentir informações que dêem como suspenso o processo na escola que dirigem.

Lisboa, 09 de Dezembro de 2008.
Com os melhores cumprimentos,
Direcção Geral de Recursos Humanos da Educação

As preocupações da Igreja Católica e os problemas auditivos do ME

Educação: Igreja Católica diz que há "problemas de audição" e pede que voz dos professores seja ouvida

Fátima, Santarém, 09 Dez (Lusa) - O porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), padre Manuel Morujão, afirmou hoje que existem "problemas de audição" na Educação, defendendo que a voz dos professores tem de ser ouvida.

"Tem havido problemas de audição, de ouvir as vozes que gritaram forte e, certamente, não gritaram tanto contra, mas em favor de um melhor projecto de educação", afirmou o responsável no final de uma reunião que juntou o presidente da CEP, D.Jorge Ortiga, e representantes de oito dos onze sindicatos que integram a Plataforma Sindical dos Professores.

O secretário da CEP reconheceu que se sente um "mal-estar profundo" na Educação, que não se circunscreve ao modelo de avaliação dos professores ou à carreira docente, bastando para o reconhecer "abrir os olhos, os ouvidos e o coração".

Questionado sobre quem tem de "abrir os olhos, os ouvidos e o coração", o pe. Manuel Morujão respondeu "todos", incluindo a Plataforma Sindical dos Professores, mas "seguramente também muito o ministério".

O sacerdote reiterou que a voz dos professores "tem de ser ouvida", mas "no diálogo e não na imposição à força de um ou de outro lado", recusando a possibilidade de a CEP ser mediadora neste conflito.

"Há mediadores suficientes", justificou.

Considerando o actual momento na Educação como "muito sério", o padre Manuel Morujão lembrou que "está em causa o futuro da Educação", mas mostrou-se esperançado de que "haverá bom-senso para ouvir vozes que são muito representativas de um mal-estar que é preciso transformar em bem-estar".

Quanto à reunião prevista para dia 15 entre Ministério da Educação e Plataforma Sindical dos Professores, o secretário da CEP disse esperar "boas notícias".

Sobre este encontro da próxima segunda-feira, o porta-voz da Plataforma Sindical dos Professores, Mário Nogueira, disse ter uma "expectativa grande", insistindo que se trata de uma "reunião de agenda aberta".

"O que nós precisamos é que nesta reunião todos estejam com espírito aberto para construir uma solução e uma saída negociada", frisou Mário Nogueira, que lembrou: "Aquilo que esperamos é que o mesmo espírito de abertura exista da parte do ministério e não chegue com uma posição de intransigência que ou se aplica ou acaba a reunião".

O porta-voz da Plataforma Sindical dos Professores acrescentou que para a reunião leva a posição dos professores, que exigem "a substituição este ano deste modelo [de avaliação] por uma solução transitória avaliativa".

Sobre a reunião com o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, Mário Nogueira lembrou que serviu para apresentar as "preocupações" dos docentes, atendendo a que Igreja Católica "tem uma influência grande na sociedade".

"Qualquer tipo de influência que possa contribuir para que se encontre uma solução negociada é sempre benéfica", adiantou o responsável, satisfeito pelas palavras de "elogio" e de "reconhecimento" ao trabalho dos professores que ouviu de D. Jorge Ortiga.

"Se há coisa que os professores não têm tido nesta legislatura do Governo são palavras de reconhecimento. Têm tido algumas palavras de desconsideração, que estão também na base da indignação", recordou.

in RTP on-line - ler notícia


As "vozes do dono"

hismastersvoice

No Público de sábado passado, Pacheco Pereira e Eduardo Cintra Torres, cada um à sua maneira, explicaram detalhadamente como o governo Pinto de Sousa condiciona e manipula a informação e a agenda dos jornalistas.

Na sua crónica (também disponível no Abrupto) PP relata a sua experiência no 2.º Encontro Nacional de Centros Novas Oportunidades, e a forma como este evento foi aproveitado para mais um “momento Chavez”, com que diariamente o 1º ministro brinda os jornalistas de serviço.

Quanto a ECT (sem link disponível para o seu texto) explica, de forma lapidar, como as agências de comunicação enriquecem com o dinheiro dos contribuintes, “vendendo” aos jornalistas e aos OCS a informação que o governo quer que chegue à opinião pública.

Depois… bem, depois de os estagiários e os jornalistas a recibo verde engolirem o isco que lhes é fornecido pelas tais agências de comunicação, aparecem os “jornalistas séniores” a acusar os adversários do governo de serem beneficiados pela comunicação social e de quererem derrubar o governo legítimo.

A guarda avançada desta brigada trauliteira, mostrando finalmente a sua face de direita caceteira e autoritária, é comandada por essa figura maior dos “retorneiros”, que é capaz de assinar textos como «A agenda de Nogueira», em que termina com este pedaço de prosa verdadeiramente asqueroso: “É bom andar a ser ‘bandarilhado’ por este professor sindicalista com cara de operário da Lisnave, dos velhos tempos? Queremos jornalismo ou propaganda?”

A acompanhá-lo na cruzada em defesa da “fé socialista e do império socratino” encontramos a figura manhosa que, ao abrigo da impunidade que lhe dá o seu estatuto de “jornalista”, também escreve belos nacos de prosa a denegrir quem se atreva a pôr em causa a autoridade e a ordem: «É por isso que, neste sítio pobre, manhoso, hipócrita e cada vez mais mal frequentado, uma mulher como Maria de Lurdes Rodrigues faz falta. Pelo exemplo, pela coragem e pela capacidade de fazer reformas indispensáveis contra uma corporação que ao longo de anos e anos se habituou a mandar no Ministério da 5 de Outubro e na escola pública.»

Claro que ao ouvirmos a forma elogiosa como um “atlântico” como PML defende o governo de Pinto de Sousa, argumentando com a necessidade de preservar a lei e a ordem para explicar porque motivo este PS deve ter nova maioria absoluta, percebemos claramente porque é que o governo se empenha de forma tão clara na destruição da Escola Pública Republicana e Laica, promovendo a escola dos probezinhos que obedeçam e garantam a reprodução da “their master’s voice“.

É que se não houver quem obedeça, a vida ficará muito dura para os que gostam de mandar.


Post roubado ao Blog (Re)Flexões


segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Entrevista de Ana Benavente ao Semanário

Ana Benavente, Ex-secretária de Estado da Educação
2008-12-04 23:37

"Nesta política do PS vejo traços de neo-liberalismo que esperava ver no PSD, e nunca no PS. Um partido de poder, como é o PS, tem fases. Acho que o Partido Socialista está a viver o período em que mais se afastou da sua matriz e da sua história."

"Este Governo tem humilhado os professores de uma maneira inacreditável"

A secretária de Estado dos Governos de António Guterres traça um cenário negro Educação no nosso País e critica as políticas seguidas pelo Ministério: "Este Governo tem humilhado os professores de uma maneira inacreditável". Em entrevista, na qual critica fortemente a orientação ideológica do PS de José Sócrates, afirma ter esperança que, passada a deriva neo-liberal, alguém vai aparecer e unir o partido em seu torno".



Na última edição da revista Opinião Socialista escreveu um artigo em que salienta que a escola não funciona para dar programas mas sim para assegurar as aprendizagens. Não funciona de modo burocrático e centralizado mas sim com autonomia e com flexibilidade. Não vive esmagada por tarefas administrativas mas centra-se nos alunos... Foi esta a escola que deixou quando, em 2001, saiu do Governo?

Não. Mas era a escola que procurava construir com os professores, com os pais, com os autarcas... Estou absolutamente convicta de que a mudança da escola é muito lenta, mas estávamos na direcção certa. Caminho que foi brutalmente interrompido por um Governo PSD, que empobreceu e tirou sentido às áreas não disciplinares e que atacou e maltratou a situação dos professores e das escolas - com uma problemática colocação dos professores. Depois de todos estes incidentes, seguiu-se um Governo de maioria absoluta do PS, que tem vindo a desenvolver uma política educativa da qual eu discordo em absoluto e que considero ser o maior ataque à escola pública - que eu nunca esperei que viesse do PS.

"Maior ataque à escola pública" em que sentido?

No sentido da centralização e de afrontar os professores, que são os primeiros parceiros na melhoria da qualidade do ensino. Este Governo tem humilhado os professores de uma maneira inacreditável, considerando que são uma corporação e não cidadãos organizados. O Governo impôs uma série de medidas, tanto no estatuto da carreira docente, na direcção das escolas ou no ensino especial, que não são feitas com a comunidade educativa mas contra. O próprio estatuto dos professores, com a questão das quotas, é completamente absurdo. Todos gostaríamos que todos os professores fossem muito bons. Dizer que numa escola só pode haver dois professores excelentes e três muito bons não é uma questão de avaliação mas sim de classificação.

Não é assim em toda a Função Pública?

Sim, mas eu acho mal. A dita curva da normalidade é uma maneira de obrigar a realidade a conformar-se a uma visão prévia. Imagine que três alunos têm dezassete num exame. Mas só se pode atribuir dois. Tira-se à sorte e um aluno que teve dezassete passa a ter 15? Acho isto completamente absurdo. O Governo não entende que o trabalho com pessoas, para além de competências científicas e profissionais, exige muito das pessoas. Os professores são uma das profissões em que há maior stress, porque todas as mudanças sociais chegam à escola.

As escolas vão sofrendo as evoluções da sociedade...

O modo como as famílias, hoje, estão mais ausentes; o modo como os jovens têm uma relação com os adultos muito diferente do que era há cinquenta anos. Na escola é a única instituição onde toda a população está, é universal. E os professores têm de lidar com essa realidade. E pensar, por exemplo, que a indisciplina resulta de um defeito dos professores está completamente errado.

Penso que o cenário negro que traça estará, também, na base do conflito entre professores e Ministério. Como é que se sai deste impasse?

Acho muito difícil, neste momento, sair de uma maneira positiva - muito mal já foi feito. O PS não tem sabido gerir a sua maioria absoluta. As negociações fazem-se antes de aplicar as medidas e não depois de se verificar que elas não são passíveis de serem aplicadas.

Não há, igualmente, alguma intransigência por parte dos sindicatos?

Não há intransigência por parte dos sindicatos, eles até têm vindo a reboque dos professores. Os sindicatos tardaram a manifestar-se e aceitaram, protestando, o estatuto dos professores titulares e não titulares - que criou situações de grande injustiça. Não me passaria pela cabeça que o Ministério pudesse impor às escolas um modelo de avaliação que não experimentou. Por que não contactou uma escola, em cada Direcção Regional, que estivesse disponível para o ajudar a ver, na prática, como é que se traduziria o modelo de avaliação?

Mas tem de existir alguma solução...

Neste momento, as posições estão muito extremadas. O Governo está a tentar suavizar a situação pondo o secretário de Estado adjunto na primeira linha e não a ministra. Mas o mal, à escola pública, já está feito. Há, inclusivamente, alguns sinais de mercantilização - que também existem em outros países -, como foi o caso do inglês. Uma medida bem-vinda mas que foi negociada com privados, com escolas de inglês.

O PS quer assassinar a escola pública?

Nesta política do PS vejo traços de neo-liberalismo que esperava ver no PSD, e nunca no PS. Um partido de poder, como é o PS, tem fases. Acho que o Partido Socialista está a viver o período em que mais se afastou da sua matriz e da sua história.

Voltando à Educação...

A escola está a viver um momento muito difícil. Mas se traço um cenário negro, gostaria de salientar que também há boas práticas - há escolas a funcionar bem. Sempre tive a esperança de que para transformar a escola é preciso partir daquilo que melhor se faz, para que essas boas práticas possam servir de inspiração. Não por decisões tomadas em gabinete ou ordens abstractas e teóricas. Tem de ser numa aprendizagem que os professores fazem de outras escolas. Caímos numa situação absurda - que nunca pensei ver em Portugal - que é o Ministério tomar decisões e depois vir explicar qual o sentido dessas decisões. Aconteceu com o estatuto do aluno.

Em sua opinião, se não existir avaliação, quais os cenários que se avistam?

Não haver avaliação dos professores foi um mal entendido que chegou à opinião pública. Mas não é verdade, pois havia uma avaliação dos professores. Os professores tinham escalões, que percorriam, e para passar de um escalão para o outro tinham determinadas obrigações: formação contínua, relatórios que produziam sobre a sua actividade, projectos na área da inovação ou do ambiente em que participavam e o facto dos mestrados e dos doutoramentos serem reconhecidos para efeitos de carreira. Se o Governo suspendesse a avaliação, continuaria em vigor o modelo que existia e haveria tempo para, de um lado e do outro, aparecerem propostas, serem devidamente negociadas, experimentadas e generalizadas se forem viáveis. Esta seria a única maneira de sanear a situação.

Em termos políticos, esta equipa do Ministério ainda tem condições para continuar as suas funções?

Teria de haver uma mudança das políticas. Não gosto de falar em mudança de protagonistas sem mudança das políticas. Se é para vir outra pessoa e retomar as mesmas políticas, não resolve coisa nenhuma; se vier uma nova equipa e com outro estilo, acho que seria bem-vindo. Em democracia, nunca um Governo pode ter medo de dizer que se enganou e que errou. Eu própria, nos seis anos que passei no Ministério, também cometi muito erros. Coisas que nos parecem certas, que propomos e que são mal comunicadas e mal interpretadas.

Em seu entender, tem algum sentido as movimentações da esquerda (como o debate de dia 14 de Dezembro) culminarem na criação de um novo partido?

Não. Por duas razões: o Partido Socialista vai viver outras fases e dividir o PS não me parece bem e os partidos que têm sido criados (desde o PRD ao PND) têm mostrado que não há espaço para mais partidos em Portugal. Estes movimentos, pelo contrário, criam uma área de expressão que talvez evite a criação de outro partido. A esquerda do Partido Socialista sente-se órfã porque o PS está a Governar muito à direita. Se o partido ocupar o espaço que corresponde à sua base social de apoio, encontraremos o nosso espaço dentro do PS.

Apoiaria Manuel Alegre?

Tenho simpatia pelas posições dele - conheço-o desde os tempos do exílio - mas não o apoiei para as eleições presidenciais e não participo no seu movimento.

Falou na refundação do PS. António José Seguro poderá ser a pessoa ideal para a fazer?

Não sei... Ainda não vi o António José Seguro tomar qualquer posição que indique vontade de avançar. Tenho esperança que, passado este momento e esta deriva neo-liberal, alguém vai aparecer e unir o partido em seu torno. Reencontrar o PS de esquerda, que considero um partido com uma dimensão social forte, mais do lado do povo do que do lado dos banqueiros - não querendo dizer que o Governo não se tem de preocupar com todas as instituições. O Governo do PS, infelizmente, tem estado demasiado do lado do poder do grande capital e da finança e muito pouco do lado das pessoas. Deriva neo-liberal que o PS - há semelhança de outros partidos socialistas - vai pagar muito caro.

Acredita que esse alinhamento pode ser feito ainda antes de 2009?

Penso que não. Embora os sinais de dificuldades no Governo se acentuem. Sente-se isso em muitos domínios para além da Educação, nomeadamente no emprego. A questão das minas de Aljustrel está muito mal explicada, as decisões que são tomadas relativamente aos contentores na zona de Alcântara também... Já há muitos sinais de que as pessoas não estão de acordo e que começam a achar que esta maioria absoluta sem diálogo não é firmeza. A sociedade portuguesa está sem esperança e tristonha. E há algum receio, em pessoas que têm as suas dependências - que nós compreendemos -, de se manifestarem e de dizerem exactamente o que pensam. Acho isso muito perigoso e frustrante, do ponto de vista da cidadania, numa sociedade democrática.

Já equacionou abandonar o PS e rasgar o cartão de militante?

Não... O cartão até é plastificado. Não pensei. Sempre encontrei o meu espaço dentro do Partido Socialista, com discordâncias mais ou menos importantes. Considero a actual discordância muito importante, mas atrás de tempos, tempos vêm.

in Semanário - ler entrevista

BE no Parlamento

Atenção que nós somos contra a violência...

Opinião (JN) - Honório Novo

Sobre avaliações
08.12.2008

Durou um dia a aparente distensão entre a equipa da Educação e a Plataforma Sindical dos Professores. E desta vez não restam dúvidas, é mesmo o Governo quem está empenhado em fechar a janela de oportunidade negocial aberta pela iniciativa sindical de suspender as greves regionais desta semana.

Por mais estranho que pareça foram até afirmações da ministra no Parlamento que deram o mote à iniciativa sindical. De facto, nunca se tinha ouvido Lurdes Rodrigues dizer que estava disposta a "negociar tudo", incluindo um modelo de avaliação alternativo ao que anda a impor, ainda que para ser aplicado só no ano lectivo seguinte!... Perante uma ténue hipótese de reatar o diálogo sem condicionar a negociação à "melhoria" do modelo oficial, permitindo apresentar e defender formas de avaliação alternativas ou diferentes, os sindicatos propuseram retomar as negociações, anunciando, logicamente, a suspensão das greves anunciadas.

Vinte e quatro horas depois, um governante veio a terreiro dar provas da maior irresponsabilidade política: corrigiu o tiro das declarações da ministra, omitindo-as ou desvalorizando-as, e "informou" o país que, afinal, o modelo de avaliação que motivou a histórica greve da passada quarta-feira, é para manter…

Seria risível e patético se não fosse tão grave e não pudesse ter consequências tão sérias. O Dr. Pedreira parece ser mais um perigoso agitador a fomentar o clima de crispação nas escolas- que assim se pode acentuar - que braço direito da actual política (des)educativa.

Será que o PS já considera eleitoralmente perdidos os professores (a maioria dos quais o apoiou em 2005)? Será que o Governo vai mais uma vez tentar virar os pais contra os professores, tentando compensar aí aquela perda eleitoral? Mas será que o PS se esqueceu que pais e encarregados de educação não são parvos e - muitos deles - são também professores? Será que a cegueira política se instalou definitivamente no Largo do Rato?

in Opinião (JN) - Honório Novo (08.12.2008)

Texto de Manuel António Pina - JN

Deputados "da Nação" ?
08.12.2008

Não sei qual foi a surpresa da Dr.ª Manuela Ferreira Leite por 30 dos "seus" deputados (pois é das direcções partidárias que os deputados são, não "da Nação") terem faltado a uma votação. Pelos vistos, a líder do PSD não faz a mínima ideia daquilo em que se tornou a AR.

Não faltaram só os 30 do PSD; faltaram ainda 13 do PS, 3 do CDS, 1 do PCP e 1 de "Os Verdes". Numa sexta-feira véspera de fim-de-semana prolongado, até foram poucos. Se aos deputados (gente, essa sim, com privilégios) se aplicasse o modelo de avaliação dos professores, e também eles tivessem que definir objectivos individuais, ter intervenções assistidas e ser julgados pelos "resultados", quantos aprovariam? Dir-se-á que são julgados de 4 em 4 anos. Não são. No meio das listas partidárias todos os gatos (mais rigorosamente, todos os ratos) são pardos, e sabem lá os eleitores em quem votam. O único critério de avaliação a que um deputado está hoje sujeito é o da obediência acrítica. Um acto de honestidade intelectual e política como o dos 6 do PS que pensaram pela própria cabeça pode custar-lhes o lugar. Se não, veremos.

in Por outras palavras, Manuel António Pina, 08.12.2008 (JN)

Pressões

Post roubado ao Blog A Educação do meu Umbigo, de Paulo Guinote:


Paulo:

Um exemplo, creio que evidente, da estratégia de actuação do ME. Não está, nunca esteve e não estará nunca, de boa-fé!

É imprescindível resistir! Haveremos de conseguir!

A pressão vai aumentar e é fundamental a informação e divulgação do maior n.º possível de situações com que nos poderemos deparar. Se considerar colocar no blogue peço-lhe que não seja possível identificar a escola e assinatura do executivo (que tentei tornar ilegível), que por enquanto e num clima de liberdade não tem colocado entraves ou obstáculos às reuniões e moções dos professores.

Atenciosamente,
.
J.F.
ordem-de-servico

Mistério por resolver

misterio-do-me

(c) João Francisco

domingo, 7 de dezembro de 2008

Avaliação - nova proposta de Sócrates

Mais uma opinião

O desnorte
07 Dezembro 2008 - 09h00

O braço-de-ferro entre o Ministério da Educação e os professores já teve melhores dias. A greve desta semana deu cabo do equilíbrio de forças e já não se percebe bem se estamos no plano da discussão sindical, se em situação pré-insurreccional, se apenas a assistir a uma birra sem jeito.


O alastramento do descontentamento entre os professores tem toda a razão de ser. O processo negocial, e de discussão pública, tem-se pautado por uma soberba sem limites, humilhando mesmo quem procura discutir, e resolver, um problema que cada vez é mais sério. As várias intervenções sobre o modelo de avaliação que têm sido produzidas pela ministra são contraditórias, não são perceptíveis para o cidadão comum – que nem é professor nem aplaude cegamente as propostas do Governo –, não se compreendem e, finalmente, não têm sustentação razoável.

Por outro lado, enquanto a ministra faz um discurso o secretário de Estado produz o sermão inverso e está aquele Ministério de tal forma baralhado que a única coisa em que acertou nos últimos dias foi no reconhecimento de que sofrera, por parte dos professores, a maior greve de que há memória entre aquela classe.

Parece que no essencial estão de acordo as duas partes: os professores devem ser avaliados. Discutem os métodos. Estão em guerra por causa da forma e não por causa do conteúdo. E sendo certo que até o primeiro-ministro já reconheceu que a proposta que continua teimosamente a ser imposta é burocrática e ineficaz, não faz sentido que em vez de escutar o protesto e perceber a razoabilidade das coisas se venha dizer que o modelo até pode ser mau mas não se mexe em tal coisa até ao fim do ano lectivo. Se é mau, então que se lhe ponha termo o mais depressa possível. Isto não é sério. Nem é sério confundir o protesto de tantos milhares com o estafado argumento de que os professores que andam nisto querem boa vida.

Numa sociedade que se quer desenvolvida, os professores são o instrumento mais poderoso de transformação. A classe que mais de perto determina a capacidade, a formação e o desenvolvimento das nossas crianças. Deve, pela sua importância social, ser tratada com o respeito que a sua função merece e aquilo que temos vindo a assistir é a um processo de humilhação que não é razoável num Estado democrático. Não admira a situação de pré-insurreição que se vive. Alguma humildade democrática faria bem a esta maioria absoluta. No caso dos professores, definitivamente o Ministério perdeu a razão.

in CM on-line - Impressão Digital (Francisco Moita Flores, Professor universitário)

Opinião Gráfica - Gui Fon

bp