No Público de sábado passado, Pacheco Pereira e Eduardo Cintra Torres, cada um à sua maneira, explicaram detalhadamente como o governo Pinto de Sousa condiciona e manipula a informação e a agenda dos jornalistas.
Na sua crónica (também disponível no Abrupto) PP relata a sua experiência no 2.º Encontro Nacional de Centros Novas Oportunidades, e a forma como este evento foi aproveitado para mais um “momento Chavez”, com que diariamente o 1º ministro brinda os jornalistas de serviço.
Quanto a ECT (sem link disponível para o seu texto) explica, de forma lapidar, como as agências de comunicação enriquecem com o dinheiro dos contribuintes, “vendendo” aos jornalistas e aos OCS a informação que o governo quer que chegue à opinião pública.
Depois… bem, depois de os estagiários e os jornalistas a recibo verde engolirem o isco que lhes é fornecido pelas tais agências de comunicação, aparecem os “jornalistas séniores” a acusar os adversários do governo de serem beneficiados pela comunicação social e de quererem derrubar o governo legítimo.
A guarda avançada desta brigada trauliteira, mostrando finalmente a sua face de direita caceteira e autoritária, é comandada por essa figura maior dos “retorneiros”, que é capaz de assinar textos como «A agenda de Nogueira», em que termina com este pedaço de prosa verdadeiramente asqueroso: “É bom andar a ser ‘bandarilhado’ por este professor sindicalista com cara de operário da Lisnave, dos velhos tempos? Queremos jornalismo ou propaganda?”
A acompanhá-lo na cruzada em defesa da “fé socialista e do império socratino” encontramos a figura manhosa que, ao abrigo da impunidade que lhe dá o seu estatuto de “jornalista”, também escreve belos nacos de prosa a denegrir quem se atreva a pôr em causa a autoridade e a ordem: «É por isso que, neste sítio pobre, manhoso, hipócrita e cada vez mais mal frequentado, uma mulher como Maria de Lurdes Rodrigues faz falta. Pelo exemplo, pela coragem e pela capacidade de fazer reformas indispensáveis contra uma corporação que ao longo de anos e anos se habituou a mandar no Ministério da 5 de Outubro e na escola pública.»
Claro que ao ouvirmos a forma elogiosa como um “atlântico” como PML defende o governo de Pinto de Sousa, argumentando com a necessidade de preservar a lei e a ordem para explicar porque motivo este PS deve ter nova maioria absoluta, percebemos claramente porque é que o governo se empenha de forma tão clara na destruição da Escola Pública Republicana e Laica, promovendo a escola dos probezinhos que obedeçam e garantam a reprodução da “their master’s voice“.
É que se não houver quem obedeça, a vida ficará muito dura para os que gostam de mandar.
Post roubado ao Blog (Re)Flexões
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