domingo, 18 de janeiro de 2009

Eis um título que peca por defeito

"Dezenas de milhares" vão manter recusa da avaliação
PEDRO SOUSA TAVARES

Escolas. Apesar do Simplex, professores de cerca de 50 estabelecimentos já terão reafirmado a recusa de apresentarem os objectivos individuais de avaliação e os sindicatos acreditam que os números vão disparar para a semana. O Ministério da Educação recusa fazer previsões até terminar o prazo

"Dezenas de milhares" de professores vão recusar a entrega dos objectivos individuais de avaliação, cujo prazo termina no final do mês, defendeu ao DN o secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), Mário Nogueira. O Ministério da Educação, pelo menos para já, não quis fazer projecções sobre o desenrolar do processo.

Em antecipação da greve geral de amanhã, a segunda num mês e meio, a Plataforma tem medido o pulso à "luta" dos professores. E os indicadores estão a animar os sindicatos: "O que nos está a chegar - e até poderia ser surpreendente atendendo ao 'Simplex' da avaliação e às ameaças que têm sido feitas - são as escolas, uma a uma, a retomarem as suspensões."

A Fenprof divulgou já uma lista, que garante não ser exaustiva, com cerca de 50 agrupamentos e secundárias de todo País em que os professores "reafirmaram" a suspensão do processo já depois da entrada em vigor das últimas alterações. E "para a próxima semana, sobretudo na quarta e quinta-feira, estão marcadas muitas reuniões" com esse fim.

"Mesmo que estivéssemos a falar de 100 escolas, seriam logo 10 mil professores", explicou. "Depois, sabemos que há muitas escolas onde, mesmo não tendo sido votada a suspensão, perto de metade dos professores não vão entregar os objectivos individuais. No final, poderão ser 30, 40, 50 mil. Logo se verá."

Processo avança mesmo sem acordo

À luz das últimas regras, a recusa da entrega dos objectivos pelos professores já não pára a avaliação. Além de passarem a receber directamente este documento (sem passar pelo avaliador), os presidentes dos conselhos executivos terão o poder de o definir sozinhos se não houver acordo com o avaliado ao fim de 15 dias.

Em teoria, a recusa dos professores até seria mais prática para as chefias, que poderiam definir objectivos-padrão (inspirando-se no projecto educativo da escola) em vez de analisarem dezenas de processos diferentes. Mas, além de colocar os dirigentes numa posição difícil perante os subordinados, esse cenário manteria a incerteza sobre o sucesso da avaliação na sua fase decisiva no final do ano lectivo, onde a cooperação do professor é indispensável.

Para já, terminam amanhã os prazos para as escolas definirem os novos calendários da avaliação, que à partida terão sido cumpridos sem problemas. Mesmo os 139 presidentes de conselhos executivos que recentemente voltaram a pedir ao ministério para travar o processo, já assumiram que não podem inviabilizar a avaliação aos professores que a desejem.

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