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Vamos ser claros: esta greve é feita num momento complicado a vários níveis para os docentes, já nos limites de alguma resistência psicológica e anímica de quem leva um longo período de ininterrupta resistências a políticas que sucessivas simplificações tornam boas.
A forma como o ME decidiu agir nas últimas semanas, colocando em letra de lei o simplex2 e definindo prazos limite coincidentes com a data desta greve para a calendarização da entrega dos Objectivos Individuais foi de molde a atemorizar muita gente, atemorização essa que passou pelo completo desencontro das declarações feitas pelo SE Pedreira sobre as consequências disciplinares da não entrega dos O.I., pelas instruções sortidas da DGRHE a esse respeito e pela tentativa de, oralmente, alguns(mas) DRE tranquilizarem os órgãos de gestão quanto à desnecessidade de se prepararem para uma vaga de processos disciplinares nas escolas.
Porque essa é uma realidade que nem todos percebem: para as câmaras e os jornais há quem diga uma coisa, que em off, sem hipótese de desmentido formal, é desdito pelos directos subordinados. É, felizmente, uma estratégia bastante inábil, porque é certo e sabido que nem é necessário que a maioria dos professores não entregue os O.I. para que se torne impossível a vida em escolas e agrupamentos onde existissem 20-30-40 ou mais procedimentos disciplinares.
Concretizar isso acarretaria o colapso do sistema de ensino do Estado. Em especial se conduzisse à suspensão dos docentes envolvidos. O SE Pedreira deveria saber tal e nem sequer ter o descuido de aflorar tal possibilidade, porque isso revela alguma irresponsabilidade e apenas incendeia os espíritos.
Por isso mesmo, e sem que tal não entrega configure qualquer moldura de «desobediência civil», chavão sem sentido no mero não cumprimento de um procedimento burocrático de sustentação jurídica duvidosa, é importante que cada um tome a decisão em consciência e sem o atávico medo do poder punitivo do Estado que se julgava que a democracia tinha afastado da sua forma de funcionar.
Aliás, é incompreensível que se ameacem docentes por prescindirem de progredir na carreira, não prejudicando ninguém para além de si, enquanto se cede perante interesses económicos e financeiros manifestamente incompetentes, colocando-lhes nas mãos milhões dos contribuintes.
Demagógico?
Se por demagógico se entende expressar opiniões sinceras com base em factos concretos, então sou um demagogo nato.
E que me venham aí aqueles comentadores residentes tentar convencer que ando a incitar à prática de crimes…
Se calhar foram alguns dos que há anos bateram palmas, ao lado do homem do salto à vara, ao buzinão na 25 de Abril.
Nessa altura o poder já podia cair na rua e as leis não eram para cumprir.
in A Educação do meu Umbigo - post de Paulo Guinote
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