domingo, 11 de janeiro de 2009

Quebrar o Simplex 2 - primeira parte (2)

Conselhos Executivos querem travar avaliação
Presidentes de 139 escolas vão pedir à ministra suspensão do actual modelo


Chegaram a ponderar uma demissão em bloco, mas deixaram essa discussão para mais tarde. Os 139 presidentes de Conselhos Executivos, reunidos este sábado em Santarém, vão pedir à ministra a suspensão da avaliação. A reunião juntou cerca de duas centenas de responsáveis de escolas do Norte e Centro do país, que discutiram, durante três horas, o modelo de avaliação.

O encontro foi classificado como "muito positivo", pela possibilidade que deu aos docentes de "dividir dúvidas e dificuldades e partilhar experiências". De tal forma que uma segunda reunião está já agendada para o próximo dia 7 de Fevereiro.

Maria João Igreja, presidente do agrupamento de escolas Alexandre Herculano, de Santarém, explicou que, na reunião, chegou a ser ponderada a demissão em bloco de todos os presidentes de Conselhos Executivos (CE) presentes. Mas como tal proposta não reuniu consenso, os professores acabaram por decidir deixar essa discussão para mais tarde, caso "não surjam respostas, por parte do Ministério, que nos deixem mais tranquilos".

Os presidentes dos CE optaram por avançar, primeiro, com uma estratégia de diálogo com o Ministério.

Vão pedir, pessoalmente, a Maria de Lurdes Rodrigues que suspenda a avaliação em prol do clima de aprendizagens dos alunos. Na reunião, foi constituída uma comissão de trabalho que ficou encarregue de, esta segunda-feira, formalizar o pedido de audiência à ministra da Educação para, nesse encontro, entregar um documento que foi ontem aprovado em Santarém. Na missiva, os presidentes dos CE defendem que o modelo de avaliação docente "não é justo" e "não promove a melhoria da qualidade do serviço público de Educação", adiantou ao JN Jorge Jerónimo, presidente do conselho executivo da Secundária D. Duarte, em Coimbra. A carta não terá referências a aspectos do Estatuto da Carreira Docente como a divisão da mesma em duas categorias (titular e professor). "Essas questões são da competência de outras instituições", explicou o professor. O principal objectivo, frisou, é sublinhar a preocupação "com o normal funcionamento das escolas" e assegurar um clima favorável de aprendizagens aos alunos.

Os professores consideram que "não é possível levar o modelo de avaliação por diante, mesmo simplificado, porque recaiu nos CE todo o trabalho e responsabilidade de o aplicar", defendeu Maria João Igreja, adiantando ainda que "foi retirada aos CE a componente científico-pedagógica, que retira a essência da sua função".

A responsável assegurou, no entanto, que os presidentes dos CE, vão avançar, nas suas escolas, com o modelo de avaliação - recentemente promulgado pelo Presidente da República - uma vez que "temos a obrigação de cumprir e fazer cumprir a lei".

"Ninguém se pronunciou contra a avaliação. Todos a consideramos essencial, pela credibilidade do ensino, mas não com este modelo", frisou.

Questionada sobre a possibilidade de virem a recair sobre os professores consequências disciplinares devido à realização destes encontros, Maria João Igreja manifestou-se "tranquila", afirmando não acreditar que tal possa acontecer. "Estamos apenas a manifestar publicamente a nossa preocupação", defendeu.

João Gaspar, presidente do Conselho Executivo da escola Alice Gouveia, de Coimbra, classificou o encontro como positivo, frisando que no actual quadro, "a Educação está ingovernável".

in JN - ler notícia

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