terça-feira, 13 de janeiro de 2009

A propósito de uma missiva da Comissária Política da DREN

Do Blog Meditação na Pastelaria publicamos o seguinte post:

O que se segue foi catrapiscado aqui e gamado integralmente daqui.

Trata-se de um documento oficial da Direcção Regional de Educação do Norte assinado por Margarida Moreira.

Quem é Margarida Moreira? Perguntais bem. Poucos saberiam sequer da sua existência, até há uns tempos ter saído descabelada em defesa do bom nome do primeiro-ministro, instaurando um processo disciplinar a um professor que terá dito em privado aquilo que muita gente no Metro diz em público. O quê? Não sabemos. O processo foi arquivado e Moreira reconduzida no cargo (a ordem dos factores é ao contrário). Fez-se ouvir de novo, mais recentemente, quando, a propósito das criancinhas a quem Sócrates foi oferecer o Magalhães e depois ficaram sem ele, explicou que o dá e tira tratara-se de uma opção pedagógica.

Pedagogias à parte, a carta assinada por esta senhora está cheia de erros. Patenteia (uma forma verbal que agradaria certamente a Margarida Moreira...), à falta de ideias, aquela vacuidade empolada de quem pensa que usar bem a língua é encher as frases de escolhos. E, citando-a, sem mais qualquer delonga, vamos à redacção.

A vermelho as asneiras, a itálico os comentários.

Ex.mo(a) Senhor(a)


Director(a) / Presidente do Conselho Executivo

Como é do conhecimento de todos, têm vindo a ser entregues nas escolas do Norte, [olá!!! que raio de vírgula é esta?] cerca de 4 000 Magalhães/dia por parte de empresas distribuidoras e da própria Direcção Regional de Educação do Norte [suponho que o simples "por" tenha parecido demasiado vulgar à escrevente]

A distribuição continua ao mesmo ritmo e por isso gostaria de recordar as indicações que anteriormente já enunciei: [agora perdi-me: se tudo continua igual, qual é o "por isso"? Ou quereria a senhora dizer que "como o ritmo da distribuição não vai abrandar..."]

1. Embora os computadores entregues não correspondam à totalidade da encomenda, tal só significa que haverá novas distribuições; [tal é a obscuridade da construção frásica que arrisco que se pretenderia chamar a atenção para o seguinte: embora (conjunção, sinónimo de "apesar de") blá-blá-blá..., as encomendas não se irão embora (advérbio, sinónimo de "dar de frosques")]

2. Os computadores recebidos devem ser enviados pela escola para casa, no próprio dia de entrega, sem mais qualquer delonga; [aqui a senhora delonga-se um bocado sem necessidade, visto que já tinha dito que a entrega devia ser imedita]

3. Em Janeiro, deverá ser marcado um dia em que as crianças devem trazer os Magalhães, para iniciar o trabalho casa-escola. [neste ponto terei de assumir a minha ignorância: no meu tempo só havia trabalhos de casa (e sem hífen)]

4. O pagamento dos Magalhães, nos casos em que a isso os pais sejam obrigados, estão a receber informação por sms devendo, em todas, constar a entidade 11023; [tanta oração subordinada é o que dá. Põe-se "o pagamento dos Magalhães" a receber sms, esquecida uma regra básica: keep it simple, stupid!]

5. Caso o número de computadores de entrega, [mais um caso de pomposidade desastrosa: onde está "de" devia estar "da"; provavelmente a escrevente julga que isto é como nos nomes de família em que é mais fino ser "de qualquer coisa" do que "da qualquer coisa"...] não corresponda com o número [ah, as preposições! "corresponder a" e não "corresponder com"] presente na guia de remessa, deve o facto ser mencionado directamente nesta, referindo o número total recebido.Tal facto não impede que, de imediato, se recebam os computadores apresentados; [uma mensagem cifrada não diria com mais clareza; mas onde se lê se recebam os computadores deverá ler-se se receba os computadores: a concordância do verbo é com o sujeito e não com o complemento (neste caso, o sujeito é indefinido: "alguém" - receba] *

6. O Ministério da Educação tem perfeita consciência das dificuldades que este tipo de acção de massas [ocorreu-me agora, considerando a terminologia: também terá a escrevente um perigoso passado esquerdista?] acarreta às escolas e, embora esta situação lhe escape [também a mim me escapa qualquer coisa: mas não é o Ministério quem comanda a "acção de massas"? Além disso: falta uma vírgula após "escape"] entende que o mais importante é a recepção dos Magalhães, como mais valia almejada pelos nossos alunos [aqui tenho de ir por etapas: 1. mais-valia tem hífen; 2. almejada - ALMEJADA? e repito, ALMEJADA?!!!; 3. e nossos porquê? A Moreira dá aulas? Ou trata-se de um "nossos" majestático, próprio da real iliteracia da dita cuja?], e por isso agradece toda a colaboração e compreensão dos orgãos de gestão, dos professores e dos serviços administrativos e auxiliares.

7. Quando um encarregado de educação recebe sms e é do escalão A, deve ser reportado [pergunto-me: que mal lhe terão feito os encarregados de educação do escalão A...?] e naturalmente o computador entregue ao aluno; [dada a ausência de vírgulas entre o advérbio de modo, leia-se, com naturalidade, talvez assobiando para o ar...]

8. Outras situações anómalas devem ser sempre imediatamente reportadas [outra vez?!!! E não há quem a deporte...] para o nosso mail dsgm@dren.min-edu.pt;

8. Recorda-se ainda que as escolas que ainda não procederam à encomenda do Magalhães [o que é com certeza sinal de muito mau procedimento!; e que tal: fizeram a encomenda - demasiado bolónio, não?] o devem fazer com celeridade.

Com os melhores cumprimentos,

A Directora Regional de Educação do Norte

Margarida Moreira

*Obrigada João e ver comentário de Ana Soares na caixa de comentários deste post