Ontem, Marcelo Rebelo de Sousa recordava o dito espirituoso que postula que «os números podem ser torturados até dizerem tudo aquilo que queremos que digam».
Hoje é José Manuel Fernandes que nos lembra que os números não passam de representações, quantas vezes manipuladas, de uma realidade que amiúde alguém gosta de mascarar.
Comparar Portugal e a Finlândia, sacar dos resultados dos testes PISA e das fórmulas mágicas da OCDE - alguém se lembrará que há 50 anos que andamos de forma intermitente e infrutífera atrás das suas recomendações, desde o velho Projecto Mediterrâneo de final dos anos 50? - é a forma fácil e demagógica de enfrentar o nosso défice educativo e de desenvolvimento económico.
Difícil mesmo é estudar as diferenças de trajecto cultural e histórico dos dois países, perceber o que os separa e não pretender aplicar modelos pré-formatados a realidades diferentes.
Felizmente José Manuel Fernandes vai percebendo isso. Tomara eu que os cinzentos, cinzentinhas e cinzentões da 5 de Outubro e de São Bento percebessem isso de igual modo.
E que mais do que os citados Huntington ou Fukuyama, lessem muito Max Weber, pelo menos em dose próximas do Marx, Althusser, Bourdieu e Foucault (bem, sei que esperar que tenham mesmo lido este já é pedir muito…) mal lidos nos anos 60 e 70. E que lessem David Landes para terem um lampejo de compreensão que não se fazem omeletas com rolhas de cortiça.
in Blog A Educação do meu Umbigo, post de Paulo Guinote sobre texto de José Manuel Fernandes no Público
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