A euforia tem já alguns dias. Mas não posso deixar de a citar e comentar:
O número de estudantes do Ensino Secundário que frequentam cursos profissionais de nível 3 - com duração de três anos e de equivalência ao 12.º ano -, em solo continental, aumentou de 33.341 no passado ano lectivo para 44.466 no corrente ano lectivo. A subida foi de 11.125 alunos e, destes, 93% estão matriculados em estabelecimentos de ensino público. Os dados constam do estudo do Ministério da Educação (ME) relativo à frequência escolar no Ensino Secundário que, muito em breve, estará disponível no site oficial do ME. Ontem, o secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, participou na cerimónia de entrega de diplomas a 148 alunos da Escola Profissional da Região Alentejo (EPRAL), em Évora, cuja taxa de empregabilidade mais recente - relativa aos quatro meses seguintes à conclusão do curso - ronda os 65%. Os diplomados - do curso 2003/06 - formaram-se nas áreas de técnico auxiliar de infância, animador sócio-cultural, técnico de construção civil, de gestão, de hotelaria/restauração, de informática/ manutenção de equipamentos, de multimédia e de serviços jurídicos. Na cerimónia, Valter Lemos realçou "o crescimento sem paralelo" do ensino profissional, afirmando que em 2005/06 havia 48 turmas e são agora 500. 20 mil voltaram a estudar O estudo do ME revela ainda que o número de jovens que tinham abandonado o sistema de ensino sem terem concluído a escolaridade obrigatória e que tinham ultrapassado a idade para frequentar o ensino regular subiu de forma exponencial. Em 2005/06 estavam matriculados - no Ensino Básico - oito mil estudantes e este ano 20 mil frequentam cursos profissionalizantes de nível 2, que podem durar um ou dois anos lectivos, ficando com o 9.º ano e um diploma profissional. Graças ao programa Novas Oportunidades, financiado pelo QREN - Quadro de Referência Estratégico Nacional que enquadra os fundos comunitários até 2013. Uma meta que superou as previsões do ME. "Tanto o número de inscritos nos cursos de nível 3 como dos cursos de nível 2 estão acima das expectativas. Nunca consegui ser tão optimista quanto mostram os relatórios", revelou o governante ao JN, após a sessão em Évora. O retorno de 20 mil jovens ao Ensino Básico "só estava previsto para 2009", adiantou. A leitura da tutela é que, não só houve uma quebra no abandono escolar, como muitos jovens voltaram a estudar atraídos pelos cursos profissionalizantes criados nas escolas públicas, pois "a rede das escolas profissionais era insuficiente". O governante disse ainda que a taxa de abandono, no básico, chega aos 20%, sendo desejável que se alcance a taxa zero dentro de três anos. No secundário, nem um quarto dos jovens frequenta cursos profissionais e o objectivo é que, em 2010, metade os frequentem, como já acontece na maioria dos países da OCDE.
É recorrente o enunciado desta meta dos 50% a frequentar as vias técnico-profissionais (valor médio da UE). Já o Ministro Oliveira Martins a predizia, se não erro para 2008. A manipulação dos números também não deixa de ser curiosa. Lembro de memória que há 14 anos o número de alunos que frequentava o ensino profissional mais o ensino tecnológico no ensino secundário andava perto o número aqui anunciado como superando as expectativas. E que a percentagem era na altura de cerca de 33%. Para quem tem memória tudo isto é um pouco triste. Sobretudo porque é um embuste. Porque a questão chave, como insistentemente tenho referido, não se joga no terreno escolar. Joga-se no terreno do trabalho, do recrutamento dos diplomados, nas oportunidades de carreira que o mercado de emprego consegue (ou não) oferecer. E é aqui que bate o ponto. Os níveis de desemprego juvenil (que é um escândalo público), diplomados com os cursos profissionais e tecnológicos incluídos, são bem a evidência do lugar onde é preciso investir.
Post de José Matias Alves in Blog terrear
O número de estudantes do Ensino Secundário que frequentam cursos profissionais de nível 3 - com duração de três anos e de equivalência ao 12.º ano -, em solo continental, aumentou de 33.341 no passado ano lectivo para 44.466 no corrente ano lectivo. A subida foi de 11.125 alunos e, destes, 93% estão matriculados em estabelecimentos de ensino público. Os dados constam do estudo do Ministério da Educação (ME) relativo à frequência escolar no Ensino Secundário que, muito em breve, estará disponível no site oficial do ME. Ontem, o secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, participou na cerimónia de entrega de diplomas a 148 alunos da Escola Profissional da Região Alentejo (EPRAL), em Évora, cuja taxa de empregabilidade mais recente - relativa aos quatro meses seguintes à conclusão do curso - ronda os 65%. Os diplomados - do curso 2003/06 - formaram-se nas áreas de técnico auxiliar de infância, animador sócio-cultural, técnico de construção civil, de gestão, de hotelaria/restauração, de informática/ manutenção de equipamentos, de multimédia e de serviços jurídicos. Na cerimónia, Valter Lemos realçou "o crescimento sem paralelo" do ensino profissional, afirmando que em 2005/06 havia 48 turmas e são agora 500. 20 mil voltaram a estudar O estudo do ME revela ainda que o número de jovens que tinham abandonado o sistema de ensino sem terem concluído a escolaridade obrigatória e que tinham ultrapassado a idade para frequentar o ensino regular subiu de forma exponencial. Em 2005/06 estavam matriculados - no Ensino Básico - oito mil estudantes e este ano 20 mil frequentam cursos profissionalizantes de nível 2, que podem durar um ou dois anos lectivos, ficando com o 9.º ano e um diploma profissional. Graças ao programa Novas Oportunidades, financiado pelo QREN - Quadro de Referência Estratégico Nacional que enquadra os fundos comunitários até 2013. Uma meta que superou as previsões do ME. "Tanto o número de inscritos nos cursos de nível 3 como dos cursos de nível 2 estão acima das expectativas. Nunca consegui ser tão optimista quanto mostram os relatórios", revelou o governante ao JN, após a sessão em Évora. O retorno de 20 mil jovens ao Ensino Básico "só estava previsto para 2009", adiantou. A leitura da tutela é que, não só houve uma quebra no abandono escolar, como muitos jovens voltaram a estudar atraídos pelos cursos profissionalizantes criados nas escolas públicas, pois "a rede das escolas profissionais era insuficiente". O governante disse ainda que a taxa de abandono, no básico, chega aos 20%, sendo desejável que se alcance a taxa zero dentro de três anos. No secundário, nem um quarto dos jovens frequenta cursos profissionais e o objectivo é que, em 2010, metade os frequentem, como já acontece na maioria dos países da OCDE.
É recorrente o enunciado desta meta dos 50% a frequentar as vias técnico-profissionais (valor médio da UE). Já o Ministro Oliveira Martins a predizia, se não erro para 2008. A manipulação dos números também não deixa de ser curiosa. Lembro de memória que há 14 anos o número de alunos que frequentava o ensino profissional mais o ensino tecnológico no ensino secundário andava perto o número aqui anunciado como superando as expectativas. E que a percentagem era na altura de cerca de 33%. Para quem tem memória tudo isto é um pouco triste. Sobretudo porque é um embuste. Porque a questão chave, como insistentemente tenho referido, não se joga no terreno escolar. Joga-se no terreno do trabalho, do recrutamento dos diplomados, nas oportunidades de carreira que o mercado de emprego consegue (ou não) oferecer. E é aqui que bate o ponto. Os níveis de desemprego juvenil (que é um escândalo público), diplomados com os cursos profissionais e tecnológicos incluídos, são bem a evidência do lugar onde é preciso investir.
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