sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Ramiro Marques e a simplificação

Reacções à simplificação do modelo burocrático de avaliação de desempenho

1. Os sindicatos afirmaram que nada do que é essencial foi mudado. E a ministra foi clara ao afirmar, ontem, na oportuna entrevista concedida à inenarrável RTP1, que o modelo se mantém. Até a ausência de consideração dos resultados dos alunos para efeitos da avaliação dos professores é uma medida a aplicar apenas este ano, porque - diz a ministra com cinismo - "as escolas ainda não são capazes de o fazer com confiança". Claro, a culpa é sempre dos professores. É justo, por isso, que a Plataforma Sindical mantenha o calendário de lutas e se continue firme na defesa da suspensão do modelo e abertura de negociações para a elaboração de outro que seja menos complexo e mais formativo.

2. O Presidente do Conselho de Escolas considera que o facto de os avaliadores terem de ser do mesmo grupo de recrutamento dos avaliados é impraticável. Pois claro que é. Deixaria de o ser se a periodicidade da avaliação passasse a ser de 4 anos e incidisse apenas nos docentes que estão para mudar de escalão.

3. A PCE da Escola Secundária Infanta Dona Maria, a primeira pública nos rankings, diz-se indignada com a não suspensão do modelo e acusa a ministra de estar a fazer uns remendos que tapam uns buracos e destapam outros.

4. Os partidos da oposição não estão convencidos e continuam a exigir a suspensão do modelo.

5. Segundo palavras da ministra da educação, o presidente da república não regateia apoio. Isso já sabíamos desde que Cavaco Silva se dispôs a fazer figura de secretário de estado acompanhando a ministra em visitas a escolas numa altura em que os professores se manifestavam nas ruas de Lisboa.



Considerações sobre o recuo da ministra e as acções de luta programadas

1. A ministra recuou mas manteve o modelo burocrático de avaliação.

2. A ministra só recua com os professores na rua.

3. Quando a ministra se isola, fica enfraquecida.

4. Quando os professores ganham apoios na opinião pública e garantem a simpatia dos partidos da oposição e de personalidades independentes, ficam mais fortes e o Governo mais fraco.

5. A ministra tem um medo de morte da resistência interna nas escolas. Quando os professores suspendem efectivamente os procedimentos da avaliação burocrática de desempenho, a ministra entra em pânico, começa a dizer coisas sem sentido, a faltar à verdade e toda a sua natureza agressiva vem ao de cimo. Ministra em pânico perde mais facilmente a razão.

6. A unidade dos professores, nomeadamente em torno da Plataforma Sindical e dos movimentos independentes, é essencial para o sucesso da luta.

7. A ministra fará tudo o que puder para dividir os professores. Hoje, ao reunir, em separado com a FNE e com a FENPROF, vai tentar puxar a FNE para o seu lado, acenando-lhe com recuos nos concursos. Se a Plataforma Sindical se fragmentar, os professores sairão derrotados. O Governo sabe disso e vai fazer tudo para que tal aconteça.

8. O recuo da ministra não é suficiente para que os professores parem a luta ou adiem os protestos programados.

9. São de evitar formas de luta que prejudiquem os alunos, porque esse facto será explorado, até à exaustão, pela máquina de propaganda do Governo.

10. É de manter a greve do dia 3/12 e as greves distritais da segunda semana de Dezembro. É errado adiar as notas dos alunos. Ninguém ganha nada com isso e o Governo terá mais um motivo para atacar os professores. Para além da greve de 3/12, é de apostar em grandes manifestações regionais na última semana de Novembro, bem como outras formas de luta criativas como vigílias à porta do ME e em frente das DREs.

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