quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Afinal há outros modelos de avaliação

Portas lança "derradeiro apelo" à ministra para que reveja posição
CDS apresenta alternativa ao modelo de avaliação de professores até ao final do ano
19.11.2008 - 18h20 Lusa

Até ao final do ano, o CDS-PP compromete-se a apresentar uma alternativa ao modelo de avaliação de professores avançado pelo Ministério da Educação, inspirada no modelo do Ensino Particular e Cooperativo, anunciou hoje o líder do partido, Paulo Portas, que em conferência de imprensa lançou "um apelo derradeiro" à ministra da tutela para simplificar o processo que tem motivado o descontentamento dos docentes.

"Em nome do CDS quero fazer um derradeiro apelo à ministra da Educação para que rectifique corajosamente o modelo de avaliação" e para que dê o primeiro passo para pôr fim ao "diálogo de surdos" entre a "grande maioria dos professores" e o Governo, declarou Portas, desafiando Maria de Lurdes Rodrigues a abandonar alguns pontos que tornam o actual modelo "complicado e injusto".

Em alternativa, o dirigente democrata-cristão propôs a simplificação do número de fichas a preencher, tornar facultativa a assistência dos avaliadores às aulas dos avaliados, que as notas dos alunos deixem de ser consideradas na avaliação do professor e que se dispense a avaliação dos professores no topo da carreira, que estão "a quatro anos da aposentação".

Para Paulo Portas, a "principal obrigação da ministra não é a obstinação" mas sim evitar que a escola pública chegue ao estado "de desastre", com prejuízo para a qualificação dos alunos. No entanto, o líder do CDS considerou que "um modelo bem melhor só será lançado mediante um diálogo prévio com um governo bem melhor".

Por isso, disse, irá apresentar até ao final do ano uma iniciativa legislativa que definirá um modelo de avaliação dos professores mas também dos manuais escolares, da escola, dos programas e dos currículos.

Paulo Portas enunciou dez princípios que nortearão o projecto de lei a apresentar, e o programa eleitoral do CDS-PP para 2009, e que se inspira no modelo usado no ensino Particular e Cooperativo, que "funciona e é contratualizado entre os sindicatos e os professores".

"A ministra terá que responder pela consequência da sua própria intransigência. O Estado, tão arrogante sobre si próprio, foi incapaz de contratualizar um modelo de avaliação com os professores. O ensino particular e cooperativo foi capaz", sublinhou.

Um modelo melhor de avaliação dos professores implica, defendeu Paulo Portas, um regime de autonomia e descentralização das escolas, a avaliação da própria escola, dos programas e dos manuais, que o professor construa o seu dossier de avaliação ao longo do ano e que quem avalia "não seja o seu colega" mas o director pedagógico da escola.

Segundo o modelo defendido por Portas, que prevê um período experimental, os professores têm que ser livres para atribuir as notas que acham que os alunos merecem e os calendários não devem interferir com o ano lectivo nem com os concursos de professores.

O modelo "deve ter um sistema arbitral próprio em caso de discórdia" que não deve depender do Ministério da Educação, defendeu, que sublinhou ainda que no ensino particular e cooperativo "avaliam-se apenas três coisas": a competência para leccionar, a competência para se relacionar com a escola, alunos e comunidade e a competência para desempenhar cargos de direcção, se os tiverem.

in Público - ler notícia

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