quarta-feira, 5 de março de 2008

A questão central , por José Manuel Silva


Com os professores na rua e uma boa parte da opinião pública a mostrar compreensão pelos protestos, mesmo alguma da intelligentia como ainda ontem se viu no Prós e Contras, o Ministério da Educação está em campanha para mostrar "a obra" e criar ruído.

Naturalmente que nem tudo tem sido mau, eu próprio nalguns posts o tenho reconhec ido, e não vale a pena ter visões maniqueístas da realidade, podemos discordar de algumas medidas mas saber reconhecer os aspectos positivos que também os há.

Mas a questão não é essa, isso é querer lançar uma cortina de fumo sobre o essencial, a "questão central" como gosta de dizer Valter Lemos é a forma completamente inábil para não dizer despudoradamente acintosa como os professores têm sido tratados desde o início do mandato desta equipa do ME.

Jamais esquecerei uma das primeiras reuniões em que participei enquanto DREC, com todo o estado maior do Ministério, em que logo os professores foram o "bombo da festa" e tendo eu chamado a atenção para a necessidade de a Ministra dar uma palavra de incentivo aos colegas a Sr.ª me ter respondido que os "professores queriam era que andassem com eles ao colo", o que me levou a ripostar em tom de brincadeira se ela às vezes não gostava também de um "colinho". A gargalhada geral não disfarçou o tom de crítica severa aos professores, apesar de quase todos à volta da mesa serem, ou terem sido, professores.

O que neste momento está em causa não é a obra do ME, é o grito de revolta de uma classe farta de ser ofendida e humilhada e como disse outro dia Marcelo Rebelo de Sousa se há coisas positivas para mostrar, o que não teria sido possível fazer se em vez de se estar contra os professores, se tivessem os professores como aliados. Esta é que é a verdadeira "questão central".

3 comentários:

Anónimo disse...

O ex-DREC, vem mais uma vez dizer aquilo que, enquanto responsável, pela Direcção Regional do Centro, não teve a coragem de cara a cara com os docentes dizer, nas diversas reuniões que fazia pelo centro do País.É normal quando se está no poder fazer uma coisa e depois de "sair" dizer outra.
Já se esqueceu que pedia para "ontem", aquilo que tinha de ser feito com calma para que os CEs,pudessem ter algum tempo de descanso. Mas o mais caricato é se estava do lado dos docentes quando se apercebeu que a ministra ia atacar os docentes não se entende porque é que de imediato não pediu a demissão.
É a vida dizem alguns, mas penso que é dos homens e das mulheres que chegam ao poder e deixam de ser eles próprios.
Helder Soares ex-presidente do CE da Escola MIguel Leitão de Andrada de Pedrógão Grande

Anónimo disse...

A frase da dita cuja diz tudo o que ela pensa dos professores e está de acordo com a forma como nos têm tratado. Ainda há quem pense que é possível negociar com tal criatura?
Quanto a José Manuel Silva, também me parece que deveria ter saído mais cedo ou, então, ter dito o que pensava quando saiu. Mas, pronto, mais vale tarde do que nunca e o seu apoio à nossa luta é bem vindo. Todos não somos demais!

Anónimo disse...

O que diz Helder Soares confirma as informações que chegavam, na realidade, às escolas. Além disso, também guardo outras mágoas...