O líder do CDS-PP exortou José Sócrates a parar e a rever o regime de avaliação dos professores, que considerou «absurdo» porque «sujeita» os professores a um «dilema impossível»
«É um processo absurdo e, obviamente, tem de parar. O primeiro-ministro vai ter que rever o regime de avaliação dos professores», disse Paulo Portas aos jornalistas em Beja, à entrada para um almoço com militantes do distrito.
Para Paulo Portas é «inaceitável» que o regime de avaliação dos professores, além de «começar a meio de um ano escolar» e «sem os documentos pertinentes publicados», «tenha como critério essencial as notas que o professor dá aos alunos».
«Qualquer pessoa de bom senso percebe que isto é colocar os professores perante um dilema impossível», disse Paulo Portas.
«Das duas uma: ou o professor protege a sua carreira e dá notas mais altas do que as que os alunos merecem ou defende a verdade escolar e está a prejudicar a sua carreira», explicou.
A ministra da Educação está a «convidar» os professores a «dar pouco interesse» aos conhecimentos dos alunos e a «privilegiar a progressão na carreira», disse Paulo Portas, alertando para a eventualidade de «os professores, para protegerem a sua carreira, não defenderem a verdade escolar».
«Isto é impensável. Não tem nada a ver com aquilo que precisamos para a escola. Não prepara ninguém nem para a responsabilidade, nem para a exigência, nem para a excelência. Este processo tem, obviamente, que parar», insistiu Paulo Portas.
Os professores, como os alunos, «devem ser avaliados pelo que sabem», «mas nunca com o actual processo», defendeu Paulo Portas, garantindo que o CDS-PP «vai insistir» na revisão do actual regime de avaliação dos professores.
«A senhora ministra da Educação deve achar que é um clone do primeiro-ministro e que tem que ter a mesma inflexibilidade, prepotência e arrogância. Mas quem está nas escolas e tem que enfrentar os alunos e os pais são os professores e não a ministra», ironizou.
Paulo Portas acusou também José Sócrates de «andar compulsivamente a faltar à verdade em várias áreas nesta matéria», explicando que o primeiro-ministro disse que os professores iriam ser avaliados pelas notas, mas comparando-as com as notas dos exames.
«Mas onde é que estão os exames?», questionou Paulo Portas, referindo que «acharia bem» que a diferença entre as avaliações interna e externa «pudesse contar como critério», «mas, no sistema educativo português, erradamente, só começam a haver exames a partir do nono ano».
«Há um enorme mal-estar nas escolas e os professores sentem-se profundamente desautorizados e humilhados na essência da sua função docente», disse Paulo Portas, reagindo às concentrações de centenas de professores, sábado, no Porto, em Leiria e nas Caldas da Rainha, em iniciativas espontâneas de protesto contra o Ministério da Educação, convocadas com recurso a mensagens telefónicas (SMS), correio electrónico e blogues na Internet.
Lusa / SOL - retirado daqui:
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