sábado, 8 de março de 2008

Lutar pela Escola Púbica e pela dignidade da Docência

Hoje é o Dia. Da mulher e da professora (sim, que a maioria de nós é mulher, o que dá uma valência à profissão única...). Pelo que hoje iremos a Lisboa pedir que nos respeitem. Não queremos aumentos, medalhas ou louvores. Fazemos o que fazemos quase como se fosse um magistério sagrado. A nossa profissão é uma vocação, que, como qualquer chamamento, tem os seus custos, que estamos dispostos a pagar.

Este país que nos mata lentamente há-de perceber que o que queremos é dignidade e que nos deixem trabalhar. Roubemos a palavra à poetisa para exprimir o que nos vai na alma:


Camões e a tença


Irás ao paço. Irás pedir que a tença
Seja paga na data combinada.
Este país te mata lentamente
País que tu chamaste e não responde
País que tu nomeias e não nasce.

Em tua perdição se conjuraram
Calúnias desamor inveja ardente
E sempre os inimigos sobejaram
A quem ousou ser mais que a outra gente.

E aqueles que invocaste não te viram
Porque estavam curvados e dobrados
Pela paciência cuja mão de cinza
Tinha apagado os olhos no seu rosto.

Irás ao paço irás pacientemente
Pois não te pedem canto mas paciência.

Este país te mata lentamente.


Sophia de Mello Breyner Andresen, Grades (1970)

4 comentários:

Anónimo disse...

Caros colegas, camaradas, companheiros:
FOI UM ÊXITO GIGANTE.
FOI UMA VITÓRIA DA DEMOCRACIA.
ENSINOU OS MAIS NOVOS A SABEREM O QUE É LUTAR POR ALGO EM QUE SE ACREDITA.
ENSINOU OS MAIS VELHOS A MANTEREM A UNIÃO QUE NUNCA FUNCIONOU.
Mas não se deixem manipular, politizar, por todos aqueles que já nos atacaram em tempos recentes,incluo aqui o próprio presidente da república que foi o primeiro- ministro com mais tempo de governação.
Acredito que tudo se vai resolver, porque no fundo para mim fica a pergunta que mais gostei e aquela que revela a melhor imagem de um docente:
MAS QUE MAL LHE FIZEMOS?
Cumprimentos para todos os que foram e os que não foram, é isto a democracia.
Helder Soares, ex docente, aposentado por iniciativa própria.

Amélia disse...

No meu blogue pessoal:

Marcha da indignação

Maior manifestação de sempre reúne cem mil pessoas

In expresso on-line de hoje e noutros jornais e agências de comunicação

Eu já tinha orgulho de ser professora. Hoje esse meu orgulho saiu reforçado.
A classe docente está viva e não admite ser maltratada pelo poder.

Pedro Luna disse...

E nós, os docentes leirienses, temos orgulho em muitas de nós, como a Amélia Pais...

Há entre nós Mulheres/Professoras excepcionais!

Amélia disse...

Que é isso, Pedro Luna? Agradeço as palavras gentis.Sou/fui apenas uma professora apaixonada pelo ofício de ajudar gente a crescer, ser feliz e, sobretudo a pensar e saber olhar lucidamente o mundo - ou seja, a ser cidadão livre.