"Defende a Profissão - movimento de professores para romper com o marasmo" é mais um grupo de docentes, desta vez de Sintra, que vão dando, às iniciativas que surgem de norte a sul do País, o carácter de "bola de neve".
Todos estes movimentos são a prova da vitalidade dos professores, da impaciência a que chegaram e da vontade em combater as desastrosas políticas educativas deste governo.
A unidade na acção torna-se cada vez mais imperiosa.
Todos estes movimentos são a prova da vitalidade dos professores, da impaciência a que chegaram e da vontade em combater as desastrosas políticas educativas deste governo.
A unidade na acção torna-se cada vez mais imperiosa.
1 comentário:
"Se você tiver medo de tempestades, nunca navegará por mares desconhecidos. Jamais orquestrará outros continentes" (Augusto Cury) A maior aventura de um ser humano é viajar, E a maior viagem que alguém pode empreender É para dentro de si mesmo. E o modo mais emocionante de realizá-la é ler um livro, Pois um livro revela que a vida é o maior de todos os livros, Mas é pouco útil para quem não souber ler nas entrelinhas E descobrir o que as palavras não disseram... Augusto Cury “O homem só se pode tornar homem através da educação” Kant Vivemos numa sociedade em transformação acelerada, sem rei nem roca, travestida por conceitos pouco transparentes e pouco esclarecedores, de interesses obscuros e pouco ou nada construtivos. A abertura que prometeram, a liberdade transparente, são uma falácia. A sociedade portuguesa vive conflitos em todas as frentes, desde a família, núcleo central de qualquer sociedade, à educação de direito, de forma justa, inteligente e equilibrada, à saúde, necessária à sobrevivência de todo o ser humano, à justiça, pouco clara e lenta, à economia arrasante, que torna os pobres cada vez mais pobres e os ricos cada vez mais ricos, deixando de haver, praticamente, uma classe intermédia. Estamos cada vez mais empobrecidos, monetariamente e culturalmente e quase nos matam a esperança de acreditarmos num futuro promissor. "Quando se evitam nuvens, os sábios vestem os seus mantos" (Shakespeare) Falando, particularmente, dentro de uma área mais específica e que é extensível a todas as outras, pelo carácter primordial, a Educação, em qualquer país, promotora da evolução socio-económica, cultural e histórica, promotora da integração de um indivíduo em sociedade, promotora de um cidadão responsável e culto, num aprendizado escolar, onde apreende os valores e conceitos essenciais, necessários à sua integração, enquanto indivíduo em sociedade, está manchada de impropérios, de humilhações e de falta de dignidade, manchada pelos que regem este país. A escola pública passou ou passará a ser, de acordo com os despachos emanados das entidades competentes, uma escola de asilo, onde não se promove o ensino, antes se promove o quase analfabetismo e a ignorância. Nas escolas portuguesas os líderes serão os alunos faltistas, os alunos problemáticos, com um comportamento irascível e deslocado, dentro e fora do espaço escolar, os alunos menos interessados, pouco interessados nos seus projectos de vida. Quem serão os responsáveis, os culpados da sociedade de amanhã?! Parece que as cobaias deste processo são os professores, mas enganam-se. Os responsáveis são os pais/encarregados de educação porque não defendem o futuro dos seus filhos e dos seus netos, perdidos em si mesmos ou ofuscados pelas facilidades prometidas e facilmente desacreditadas, se analisar, os processos impostos, com atenção. Os responsáveis número um, são o governo, o ME, a assembleia da república e os que dela fazem parte, porque se esqueceram que foi o povo que os elegeu, ainda que tenham sido seleccionados, (sabemos nós porquê?) para constituírem tão real soberania, e que na cegueira de uma luta, que parecem ignorar, pretendem destruir os professores, mas antes de tudo, pretendem destruir a sociedade futura, criando desigualdades entre um bom aluno, aplicado, assíduo, pontual, exemplar e um, mal-educado, que se está "marimbando" para todos e para o sucesso educativo. Os que nos governam esquecem-se de dois factores primordiais: 1 - A escola é um foco de iluminação e de construção e os professores e os que complementam uma escola são os pivôs dessa aprendizagem contínua e letrada, desse saber estar, saber fazer e saber ser. 2 - Nenhum ministro ou presidente da república, nenhum médico ou engenheiro, nenhum professor ou enfermeiro, nenhum advogado ou juiz, nenhum pedreiro, carpinteiro, padeiro, agricultor ou outro, deixou de passar pela devoção, dedicação e profissionalismo dos professores que lhes transmitiram, desde a pré-infância ao ensino superior, saberes científicos, formação social, cultura, cidadania, educação, valores, entre tantos outros saberes e dádivas de aprendizagem. E, como os actuais elementos do governo constituído resultaram da junção de todos esses saberes e aprendizagens, todos gostaríamos de saber se os professores que os orientaram para a vida precisam de uma avaliação do seu processo de integração, enquanto indivíduos de uma sociedade e enquanto elementos de um governo constituído por eleição de quem lhes confiou o seu destino, ou se será esse grupo minoritário e passageiro, que precisa de ser reavaliado? O processo/processos em todas as direcções que estão a ser lançados sobre as escolas públicas ou outras, será extremamente negativo e o futuro dirá o que é tão fácil prever. As desigualdade dentro de uma carreira, a desigualdade estabelecida entre alunos, desigualdades aberrantes e promíscuas, só levará a destrução de valores, ao desinteresse, ao conflito e à desconstrução de tudo o que se fez até hoje na construção de uma escola e de uma sociedade. Vive-se um clima de medo e de humilhação pública. Será esse o futuro? Os pressupostos de reforma educativa, a todos os níveis, bradam aos céus e à exclusão da sociedade democrática do nosso país. Quem serão os responsáveis, os culpados da sociedade de amanhã?! O bastonário da ordem de advogados mostrou bem a sociedade que temos: o estado subjuga os fracos e tem medo dos fortes. O que é triste é que os professores deviam ser fortes, não para se tornarem ricos, mas para se tornarem cidadãos reconhecidos pelo valor que têm na construção da nação e da divulgação e manutenção da cultura neste País; deviam ser reconhecidos pela exemplar função que desempenham na luta constante que mantêm para incentivar o aluno ao estudo, à aquisição de competências, nas horas que dedica a implementar estratégias, na procura de diálogos com os Encarregados de Educação, muitas vezes sem sucesso, na preocupação pelo estado emocional e físico do aluno, nas conversas diárias e exaustivas, tentando ajudar o aluno a ultrapassar situações problemáticas, resultantes do meio familiar e do contacto com realidades que os envolvem drasticamente, levando-os ao insucesso de se tornarem seres equilibrados, já não falando no insucesso educativo. O professor perde o sono, preocupado, sentindo-se sem forças para ir mais além, ao descobrir que luta sozinho nas expectativas de evolução daquele ser humano. A Sra. Ministra não sabe o que é viver assim, nem sabe como se sente um professor quando chega a casa, já sem forças para outros trabalhos e para o atendimento à sua família! Mas tem de ser. O professor continua firme e lá vai fazer o jantar, dar um mimo, a correr, à família e volta para o trabalho da escola: pensar em estratégias e elaborá-las, fazer testes/ fichas e corrigi-las, preparar as aulas e planificá-las, reuniões pela noite dentro, também pós laboral ...Enfim,... o professor não deixa o trabalho na escola, trá-lo com ele e para o fazer, descuida o lar e, quando se deita já é madrugada. Às 8.30 está a picar a entrada. Como é que nós, professores, podemos estabelecer/esclarecer aos nossos alunos o conceito de democracia, se vivemos amedrontados com as leis impostas pelo governo? Como é que nós vamos interpretar os textos dos poetas, que pela sua voz, sem medo, lutaram contra o fascismo, a favor de um Direito democrático, de igualdade e liberdade? Que paralelo se deve estabelecer entre o ontem e o hoje? Que tipo de seres são os Professores? Ou serão "professorzecos"? Sinto-me humilhada e tenho vergonha de ser professora neste contexto em que vivemos, apesar de ter escolhido a profissão que amava. O que pretendem afinal?! Guerras e atritos desleais entre parceiros iguais? Destruir a capacidade de se ser professor, com entusiasmo e determinação? Destruir o prazer de ensinar, contactar e transmitir conhecimentos aos nossos jovens? Como é que alguém pode ser um bom profissional, correcto, justo, complacente e cordial, manter o equilíbrio e a paciência perante o que se adivinha? "A tragédia do homem é o que morre dentro dele enquanto ele ainda está vivo." (Albert Schweitzer) Berta Quental Prata
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