Ontem os Sindicatos dos Professores quiseram ouvir quem os elegeu e quem representam, acto normal numa democracia madura como a nossa.
Para tal, quase de véspera, anunciaram que iriam parar as Escolas todo o dia para realizar Plenários Sindicais, o que eu contesto, pois a maioria dos professores põe, como toda a gente sabe, em primeiro lugar a Escola e os seus alunos e não é desta forma que assim que o conseguem, isto para lá do facto de esta situação não nos ajudar no alcançar da necessária solidariedade por parte das famílias e sociedade em geral, que olha com reservas para estas situações.
Mas apercebendo-se dos riscos que corriam, os Sindicatos tomaram algumas liberdades que condicionaram o auscultar da posição dos professores, a saber:
1. Os sindicatos divulgaram o menos possível o dia D nas Escolas (para que servem os placards sindicais) e o horário de chegada de representantes sindicais ou o seu local do plenário - porque seria...?
2. Nalgumas Escolas não houve Plenário nem vontade de o fazer - porque seria...?
3. Muitos professores não leram nada, por manifesta falta de tempo, do que o Sindicato fez (o "acordo que não é acordo" - vulgo Memorando de Entendimento) e a Moção que foi para as Escolas. Em algumas Escolas, quando os textos foram lidos e interpretados, a votação sofreu uma estranha reviravolta - porque seria...?
4. Muitos professores, embora com imensas dúvidas, decidiram dar uma última oportunidade aos Sindicatos e fazer o frete de aprovar a Moção e o "acordo que não é acordo". Mas expressaram essas mesmas dúvidas e, se as pessoas (os nossos representantes...) que lá estiveram não faltarem à verdade, a informação há-de chegar a quem tem de chegar. Porque motivo os Sindicatos não divulgaram essas mesmas dúvidas e questões?
5. Outros ainda, embora votando a favor, propuseram imensas alterações ao texto e votaram moções alternativas para tentar não dividir o que agora se dividiu. Onde poderemos ver esses mesmos textos e sugestões nos sites dos Sindicatos...?
Logo à tarde os nossos dirigentes sindicais, da Plataforma dos Sindicatos dos Professores, irão anunciar uma esmagadora maioria de votos favoráveis ao "acordo que não é acordo". Irão dizer que os professores estão unidos, quando, apesar dos condicionamentos antes citados, não é bem como eles dizem. E já agora, permitam-me que tome a liberdade de de fazer algumas perguntas que gostaria que Mário Nogueira respondesse logo à tarde, de preferência no ponto 3 da Ordem de Trabalhos:
1. Porque repetiram os Sindicatos a fórmula de fazer faltar às aulas os professores quando estes já demonstraram, sem reservas, que preferem lutar sem prejudicar a Escola e os Alunos?
2. Porque não divulgaram convenientemente os textos (Moção e Plataforma de Entendimento, que muitas Escolas e Professores tiveram de fotocopiar durante a Reunião às suas custas) a analisar pelos professores?
3. Porque optaram por uma Moção cujo texto era longo, críptico e se afastava do que assinaram?
4. Porque não divulgam as considerações que muitos professores colocaram em anexo à sua votação e as moções complementares também aprovadas?
5. Porque não se fez, em cada estabelecimento de ensino, uma simples folha de papel, com a lista de professores da Escola, em que estes colocam uma cruz no Sim ou no Não de apoio ao "acordo que não é acordo"?
A luta dos professores continua a ser a mesma mas não é com estes contributos dos Sindicatos, que vão vão assinar um acordo em que nada de substancial é ganho pelos professores e se compromete o essencial da nossa luta, que lá iremos.
Há que recordar o que é essencial (Ensino Especial, Estatuto do Aluno, Gestão das Escolas, ECD, divisão dos docentes em professores de 1ª e de 2ª, tempo de serviço para Reforma dos Professores, verdadeira Formação dos Docentes) e o que é acessório (avaliação dos contratados, que já estava assegurada, e novo escalão para uma minoria de professores de 1ª, que já estava garantida pelo aumento do tempo de serviço antes da reforma).
Há que recordar que um senhor chamado Pirro também obtinha vitórias destas - e que as pagava bem caras... Os professores irão recordar por muito tempo esta vitória, pois têm memória e sabem contabilizar o que se ganha e se perde com este "acordo que não é acordo"...
Para tal, quase de véspera, anunciaram que iriam parar as Escolas todo o dia para realizar Plenários Sindicais, o que eu contesto, pois a maioria dos professores põe, como toda a gente sabe, em primeiro lugar a Escola e os seus alunos e não é desta forma que assim que o conseguem, isto para lá do facto de esta situação não nos ajudar no alcançar da necessária solidariedade por parte das famílias e sociedade em geral, que olha com reservas para estas situações.
Mas apercebendo-se dos riscos que corriam, os Sindicatos tomaram algumas liberdades que condicionaram o auscultar da posição dos professores, a saber:
1. Os sindicatos divulgaram o menos possível o dia D nas Escolas (para que servem os placards sindicais) e o horário de chegada de representantes sindicais ou o seu local do plenário - porque seria...?
2. Nalgumas Escolas não houve Plenário nem vontade de o fazer - porque seria...?
3. Muitos professores não leram nada, por manifesta falta de tempo, do que o Sindicato fez (o "acordo que não é acordo" - vulgo Memorando de Entendimento) e a Moção que foi para as Escolas. Em algumas Escolas, quando os textos foram lidos e interpretados, a votação sofreu uma estranha reviravolta - porque seria...?
4. Muitos professores, embora com imensas dúvidas, decidiram dar uma última oportunidade aos Sindicatos e fazer o frete de aprovar a Moção e o "acordo que não é acordo". Mas expressaram essas mesmas dúvidas e, se as pessoas (os nossos representantes...) que lá estiveram não faltarem à verdade, a informação há-de chegar a quem tem de chegar. Porque motivo os Sindicatos não divulgaram essas mesmas dúvidas e questões?
5. Outros ainda, embora votando a favor, propuseram imensas alterações ao texto e votaram moções alternativas para tentar não dividir o que agora se dividiu. Onde poderemos ver esses mesmos textos e sugestões nos sites dos Sindicatos...?
Logo à tarde os nossos dirigentes sindicais, da Plataforma dos Sindicatos dos Professores, irão anunciar uma esmagadora maioria de votos favoráveis ao "acordo que não é acordo". Irão dizer que os professores estão unidos, quando, apesar dos condicionamentos antes citados, não é bem como eles dizem. E já agora, permitam-me que tome a liberdade de de fazer algumas perguntas que gostaria que Mário Nogueira respondesse logo à tarde, de preferência no ponto 3 da Ordem de Trabalhos:
1. Porque repetiram os Sindicatos a fórmula de fazer faltar às aulas os professores quando estes já demonstraram, sem reservas, que preferem lutar sem prejudicar a Escola e os Alunos?
2. Porque não divulgaram convenientemente os textos (Moção e Plataforma de Entendimento, que muitas Escolas e Professores tiveram de fotocopiar durante a Reunião às suas custas) a analisar pelos professores?
3. Porque optaram por uma Moção cujo texto era longo, críptico e se afastava do que assinaram?
4. Porque não divulgam as considerações que muitos professores colocaram em anexo à sua votação e as moções complementares também aprovadas?
5. Porque não se fez, em cada estabelecimento de ensino, uma simples folha de papel, com a lista de professores da Escola, em que estes colocam uma cruz no Sim ou no Não de apoio ao "acordo que não é acordo"?
A luta dos professores continua a ser a mesma mas não é com estes contributos dos Sindicatos, que vão vão assinar um acordo em que nada de substancial é ganho pelos professores e se compromete o essencial da nossa luta, que lá iremos.
Há que recordar o que é essencial (Ensino Especial, Estatuto do Aluno, Gestão das Escolas, ECD, divisão dos docentes em professores de 1ª e de 2ª, tempo de serviço para Reforma dos Professores, verdadeira Formação dos Docentes) e o que é acessório (avaliação dos contratados, que já estava assegurada, e novo escalão para uma minoria de professores de 1ª, que já estava garantida pelo aumento do tempo de serviço antes da reforma).
Há que recordar que um senhor chamado Pirro também obtinha vitórias destas - e que as pagava bem caras... Os professores irão recordar por muito tempo esta vitória, pois têm memória e sabem contabilizar o que se ganha e se perde com este "acordo que não é acordo"...
5 comentários:
Qualquer pessoa que esteja algo familiarizada com o pensamento estratégico maoísta ficará convencida que para alguns professores, em particular os que se constituiram em movimentos autónomos, o "inimigo principal" são os sindicatos e não as políticas públicas de educação de cariz claramente neo-liberal, que tanto são aplicadas por Pinto de Sousa como por Menezes ou Portas.
Os ganhos imediatos, sem garantir a mudança de políticos e de políticas e que seriam uma "vitória de Pirro".
Que tal o Pedro Luna folhear o Sun Tzu, em vez de estar proecupado com Pirro?
É falso que o Dia D tenha sido marcado quase de véspera. Desde o início do 3º período que esta era a data prevista para esta acção e previa uma paralisação parcial das actividades.
Independentemente de concordar com algumas passagens do texto, lamento profundamente a atitudes de dirigentes de alguns movimentos que tudo fizeram para boicotar a acção sindical, procurando "intoxicar" os colegas com o ponto 8 da proposta do ME (que os sindicatos não aceitaram).
Se entenderam condenar "a priori" os sindicatos, sem sequer ouvir as suas razões, como sucedeu no plenário de sábado em Leiria e, depois, não aceitam participar nos plenários, que legitimidade têm para contestar a aprovação das moções?
A quem interessa "pôr os sindicatos no pelourinho"? Por muito que estes tenham errado, aos professores não é, certamente.
É muito fácil e, porventura, gratificante ter protagonismo para alguns aparecer na comunicação social a toda a hora. O problema é quando o "balão" esvaziar.
Aí arriscamos a ficar com sindicatos enfraquecidos e com movimentos implodidos. Nessa altura, quem nos vai defender?
Pensem nisso, antes de adoptarem políticas aventureiristas.
Se tiverem uma alternativa séria, alinho convosco, não tenham dúvida. Agora, arranjem-na?!
Há diferenças entre ter sido marcado há muito tempo e ter sido efectivamente divulgado a quem de direito. Na minha Escola não foi divulgado, pura e simplesmente, tal como foi dito aos não sindicalizados que a reunião não era para eles- porque será...?
Apesar de não compreender a capitulação que este 'acordo que não é acordo' representa (ou talvez apesar de a compreender bem demais) não vejo utilidade em enfrentar os sindicatos. Ninguém compreenderia se uma associação cívica de professores se desviasse do seu objectivo para ressuscitar combates sobre o inimigo principal ser o capitalismo ou o social-fascismo. O que uniu os professores é uma atitude prepotente e uma política educativa aberrante deste executivo. E essa união deve ser mantida a todo o custo. Cuidado! Nem isto é a luta de classes nem estamos no PREC!
Caro fjsantos:
No Movimento Cívico Em Defesa da Escola Pública e da Dignidade da Docência, do qual faço parte, nunca foi assim: muitos de nós são sindicalizados e estivemos em todas as lutas com os Sindicatos.
Sabemos quem é o nosso inimigo e eu (bem como a esmagadora maioria dos colegas) não sou maoista nem nada que se pareça.
Não vejo nenhum ganho imediato para os professores neste acordo, rigorosamente nenhum - tudo o que lá ficou escrito já tinha anteriormente sido referido pela Ministra. Vejo sim ganhos políticos para o Ministério da Educação e ainda a aceitação, por omissão ou complacência, por parte dos Sindicatos, de coisas graves para o futuro das Escolas e dos Professores: a aceitação da Avaliação em 2008/2009 do Decreto 2/2008, nenhuma referência à divisão dos professores em titulares e outros, a lei do Ensino Especial, a Formação Contínua (que agora passa a ser paga por nós...), o ECD, o Estatuto do Aluno, tudo foi esquecido.
Se isto foi uma vitória, mesmo à moda de Pirro, vou ali a ver se chove...
Enviar um comentário