quarta-feira, 2 de abril de 2008

Mais uma lição de Coimbra

Escolas de Coimbra 'vetam' avaliação

PEDRO VILELA MARQUES e PAULO NOVAIS-LUSA (02.04.2008)

O Ministério da Educação vai tentar hoje convencer os conselhos executivos de escolas do Distrito de Coimbra a avançarem com a avaliação do desempenho dos professores, mas apenas deve ter como resposta a defesa da suspensão do processo até final do ano lectivo.

O secretário de Estado da Educação Valter Lemos vai reunir-se com os responsáveis de escolas secundárias e agrupamentos que pretendem contrariar a ausência de suporte legal para uma avaliação simplificada dos professores contratados. Para a equipa que dirige o Ministério da educação, esta será uma das últimas oportunidades para fazer passar as suas posições e levar as escolas a avançar com o processo de avaliação. Intenção que os Conselhos Executivos das escolas de Coimbra acolhem com pouco entusiasmo. "A ministra da Educação tinha deixado entender nos encontros de Viseu que ia ser adoptada uma avaliação simplificada, mas mais uma vez o secretário de Estado Jorge Pedreira voltou com a palavra atrás, o que nos leva a dizer que esta equipa que dirige o Ministério nos merece muito pouca credibilidade", avançou ao DN João Carlos Gaspar, presidente do conselho executivo da EB 2,3 Drª Mª Alice Gouveia (Coimbra), que recorda que esta não é a primeira vez que a tutela retrocede nas suas intenções de simplificação do processo de avaliação.

Por estas razões, João Carlos Gaspar considera que será muito difícil a avaliação começar já esta ano, embora reconheça que ela é necessária para os professores contratados e para aqueles que precisam de progredir na carreira. "O Ministério criou um monstro que não sabe andar, e nem sequer se sabe quem é o pai deste processo. O que sabemos é que ainda há muito trabalho a fazer e já estamos no terceiro período de aulas", lembrou.

O Sindicato dos Professores da Região Centro (SPRC), afecto à Fenprof, é menos contido nas palavras e qualificou de ilegal qualquer intenção de o Ministério avançar com uma avaliação simplificada. "Nesta altura do ano, e quando ainda se andam a discutir os itens da avaliação, é impossível cumprir a avaliação dos professores, portanto ela a avançar só pode ser feita de forma ilegal", defende Luís Lobo, do SPRC. O sindicalista sustenta a sua tese com o facto de "o Ministério, para iniciar a avaliação já este ano, ter de reduzir o número de aulas assistidas necessárias para os avaliadores decidirem as suas notas, além de querer avaliar apenas sete mil professores, quando todos os 143 mil têm de ser incluídos no processo".

Em resumo, continua Luís Lobo, "o Ministério propõe que não se cumpram os critérios mínimos definidos pelo decreto-regulamentar", pelo que a Fenprof promete "enviar todas a ilegalidades que se registarem nas escolas para serem avaliadas pelos tribunais competentes".

O que equivale a dizer que a Fenprof pondera processar as escolas que avancem com o processo de avaliação entretanto proposto pelo Ministério da Educação.

Os conselhos executivos das mais 20 escolas do distrito de Coimbra que no dia 22 de Março reivindicaram a suspensão do processo de avaliação de professores até ao final do ano lectivo, vão reunir-se hoje depois do encontro com o secretário de Estado Valter Lemos para definirem novas estratégias.


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